Almeida Henriques

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Tive o gosto de participar no passado dia 24 de Setembro numa sessão pública de comemoração dos 25 anos do CESAE, importante entidade privada de formação que relevantes serviços tem prestado ao País e à cidade de Viseu.
Mantenho com os alunos, com alguns professores e dirigentes, uma relação de proximidade que se estreita cada vez mais, fruto da minha participação em acções que desenvolvem e duma visita que efectuaram à Assembleia da República.
Recordo-me da instalação desta Escola de Formação em Viseu, há cerca de 20 anos, estava a iniciar funções na AIRV e acompanhei sempre com entusiasmo a sua actividade, direi mesmo que deram um contributo decisivo para o desenvolvimento de Viseu e do Centro de Portugal.
Penso que essa grande estrutura que é o IEFP (com um orçamento de quase 1.000 milhões de euros e cerca de 4.000 funcionários), talvez demasiado pesada, bem como o Governo, deveriam repensar a rede de formação do País, incluindo Escolas Profissionais, Tecnológicas, ensino público, associações empresariais e outros agentes e procurar potenciar um trabalho mais em rede.
Não é admissível que, com os mesmos recursos públicos, se financiem estruturas paralelas com o mesmo fim, como aconteceu em muitas localidades deste País onde, ao lado de boas Escolas Profissionais com oferta de cursos, designadamente na vertente tecnológica, se tenham criado ofertas públicas nas mesmas áreas duplicando o investimento.
O desafio tem que ser na boa utilização dos recursos, num trabalho em rede que responda às necessidades das Pessoas e do mercado.
É inadmissível que, num País com mais de 600.000 trabalhadores, a acreditar nos dados oficiais, ainda seja corrente ouvir empresários a queixarem-se que não encontram Pessoas qualificadas no mercado ou, pura e simplesmente não encontram gente para trabalhar.
Foi há 25 anos que aderimos à União Europeia, tivemos os apoios de pré adesão, três quadros comunitários de apoio e está mais um sensivelmente a meio e, o panorama não se alterou muito, uma população envelhecida e pouco qualificada a trabalhar para empresas de baixo valor acrescentado e uma juventude com escolaridade mas sem formação adequada para a vida activa.
É preciso arrepiar caminho, aplicar bem os recursos que o QREN ainda tem.
O Governo exibe o Programa Novas Oportunidades como o expoente máximo das suas politicas, ufana-se do milhão de Pessoas que por lá passaram!
Qual o resultado prático, para além da melhoria estatística do País? Onde está o acréscimo de produtividade da nossa economia que resulta desta formação massiva?
Quanto muito um amargo de boca naqueles que criaram ilusões ao frequentarem estas acções, para já não falar de 38% do orçamento do Plano Operacional Potencial Humano gasto neste programa, a sua banalização e burocratização, a sua falta de rigor, transformaram uma boa ideia numa má execução, que enche os olhos pelos recursos que gasta mas que pouco acrescentará à competitividade e às competências do País.
Obviamente que o Governo pode apresentar alguns bons exemplos de empresas, de pessoas, que atingiram os objectivos com este programa, mas são raras excepções, com tão vastos recursos alocados, deviam ser já visíveis os resultados, é caso para ter saudades dos extintos centros de validação de competências.
Outro exemplo de fracasso evidente é a inoperância nos Centros de Emprego, transformados em máquinas burocráticas para mascarar as estatísticas.
Longe vai o tempo em que os competentes técnicos destes Centros visitavam as empresas, estabeleciam um trabalho interactivo com os desempregados e cumpriam a sua missão, afinal de contas promover o encontro entre a oferta e a procura.
Estas estruturas têm que ser refundadas, agilizadas, os recursos alocados ao IEFP, em matéria de instalações, Recursos Humanos e Orçamento, não são compagináveis com os resultados obtidos.
Esta máquina pesada consome muitos recursos que deveriam ser canalizados para a formação, é preciso aligeirá-la para que os fluxos financeiros libertos possam ser afectos ao seu fim principal, a formação e a integração no mercado de trabalho.
E, já agora, em estreita ligação com os empresários, associações empresariais e Escolas Profissionais e Tecnológicas existentes pelo País, tirando partido do efeito de rede e da especialização, levando a uma aproximação cada vez maior às necessidades do mercado e potenciando aos desempregados uma formação alternativa para voltarem ao mercado de trabalho.
O CESAE é só um dos bons exemplos que podem ser aproveitados nesta rede, que pode ser liderada por um novo IEFP.

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