Almeida Henriques

sábado, 29 de maio de 2004

ARTIGO UNIVERSIDADE PÚBLICA

Viseu é das Regiões do País que mais dinâmica tem demonstrado ao longo das últimas duas décadas, com particular incidência nos seguintes domínio:

do empreendedorismo que se traduziu no aparecimento de novas empresas e de novas dinâmicas que catapultaram a economia da região;

do impulso autárquica que foi suprindo as inúmeras carências básicas, do saneamento ao abastecimento de água passando pelas acessibilidades, entre outras, o que contribuiu para amenizar as assimetrias, travar a desertificação e criar condições para a fixação das populações e para o crescimento da ambição de uma região que parecia estar condenada ao esvaziamento e à estagnação.

Esta dinâmica, que resulta da conjugação de vontades dos autarcas, empresários e cidadãos em geral, esbarrou sempre, apesar de ser uma reivindicação continuamente repetida, na não concretização da tão ambicionada Universidade Pública de Viseu, instrumento fundamental para consolidar a estratégia de desenvolvimento e crescimento.

Se no tempo dos Governos do Prof. Cavaco Silva o não foi rotundo, com muitas vozes contra do PSD, o silêncio foi o que imperou nos tempos do Governo PS.

Com a promessa efectuada em 1995, por António Guterres, só seis anos depois é aprovado em Conselho de Ministros a criação de uma extensão da Universidade de Aveiro, a que se chamou Instituto Universitário de Viseu e dois meses depois retirado face ao expectável veto do Senhor Presidente da República.

Já em final de mandato, com eleições já marcadas, e depois do constante ruído por parte da Universidade de Aveiro que evocava falta de definição e de orçamento, o Governo socialista mantinha a ideia de uma extensão com o mesmo nome, aprovada e vetada posteriormente de novo.

Em toda esta história, pejada de episódios mais ou menos caricatos, o PSD, em 2002, assume em campanha eleitoral a criação da Universidade Pública de Viseu, pela voz do seu candidato a Primeiro Ministro.

Dois anos depois cumpre-se a promessa, honra-se um compromisso eleitoral, numa sala repleta de gente que irrompe num estrondoso aplauso, ao anúncio do Senhor Primeiro Ministro, Dr. Durão Barroso.

O Conselho de Ministros de 17 de Maio de 2004 criava a Universidade Pública de Viseu, uma “ Universidade de cariz tecnológico, muito avançada, ligada a instituições estrangeiras de grande nível “, fazendo jus ao merecimento de Viseu, não só pela sua dinâmica, pelos estudos já efectuados, mas também porque seria a única Área Metropolitana do País sem Universidade.

Reafirmou-se a futura Universidade de Viseu como uma instituição que deverá aproveitar o investimento já feito no Instituto Politécnico de Viseu e em parceria com outras instituições da região, designadamente empresas.

Pugna-se por uma Universidade que seja o paradigma do ensino superior que o Governo quer em Portugal, virada para as tecnologias, inovação, investimento e qualidade.

Define-se um modelo que assenta na parceria internacional, com uma Universidade de renome e com parceiros empresariais que apostam em tecnologias de ponta, num esforço de promoção do investimento, aposta na inovação e aumento das qualificações em áreas em que somos deficitários, posicionando a nossa região para áreas de futuro, podendo potenciar novos investimentos.

Modela-se também um modelo de desenvolvimento para a nossa região, diferente, numa lógica de internacionalização, bem como numa aposta de modernização do tecido empresarial com a possibilidade de instalação futura de novas empresas nas áreas tecnológicas que nos procurarão pelas qualificações que criaremos e pelas ligações que potenciaremos.

Em suma, estamos a construir uma Universidade tecnológica avançada, de que Portugal e UE estão carenciadas, como é o caso das tecnologias de informação, tecnologias que dão apoio à área da saúde, biotecnologias e valorização dos recursos regionais.

Não se faz tábua rasa das competências já instaladas no Instituto Politécnico, Universidade Católica e Instituto Piaget, antes se constrói um modelo inovador que crie novas dinâmicas e potencie as já existentes, explorando sinergias e complementaridades.

Será um caso piloto para outras realidades do país, assim o esperamos.

Um modelo que nasce de baixo para cima, com o envolvimento de Escolas da Região, todas foram ouvidas, Politécnico de Viseu, Piaget, Universidades de Coimbra, Aveiro e Beira Interior, autarcas, associações empresariais, outras forças vivas da região, empresas mais significativas ( Visabeira, HUF, Labesfal, Martifer, DIN ), pessoas ligadas aos principais projectos culturais de Viseu, designadamente Teatro Viriato, Museu Grão Vasco, Arquivo Distrital e ACERT.

Um grupo de trabalho de reputados Académicos, liderado pelo Prof. Veiga Simão, Prof. Almeida e Costa, representante da API, professores da Universidade de Erlangen, Presidente da Siemens Medical Solution Institute, que assinam e entregam o seu trabalho no dia 3 Janeiro de 2005, concluindo a sua tarefa de criar uma plataforma séria que define a missão, modelo de governação, estrutura organizacional que prevê a criação de uma nova Escola e a modernização de outra existente, criação da Academia Regional, Plano de Acção quanto a infra-estruturas, programas educacionais e financiamento.

O financiamento, num investimento que se estima em 25 milhões de Euros, será realizado através do Orçamento Geral do Estado e candidatura directa a Bruxelas, no novo modelo de Bolonha.

Em termos práticos a missão do modelo ( novo modelo de organização e modelo de governo académico que concilie ligações estratégicas, cientificas e pedagógicas e actividades sociais consentâneas com os mais altos padrões de competências e responsabilidades) assenta em seis pilares:

1) Excelência, no que se refere à ambição, definindo-se à partida como objectivo, European University of Excellence, com as consequências práticas deste visão;
2) Internacionalização, através do seu sistema bilingue, Português e Inglês, da mobilidade entre professores e alunos e capacidade para atrair estudantes estrangeiros;
3) Networking, isto é, capacidade para funcionar em rede com alianças estratégicas com outras instituições, designadamente europeias e com as empresas;
4) Civilidade e Cooperação, assumindo-se como Escola de conhecimento, ambicionado a formação cívica e cultural dos seus alunos, desenvolvendo capacidades que estimulem a aprendizagem ao longo da vida, o estímulo para uma formação cultural, o gosto pelo saber bem como uma constante cooperação com entidades, agentes de desenvolvimento local, procurando ser um modelo inovador no contexto nacional e europeu;
5) Empreendedorismo, assumindo-se como promotora de uma nova postura virada para o saber fazer, desenvolvendo capacidades de empreender, dos alunos, dos professores, na interacção com o tecido empresarial.

Quanto ao modelo de governo académico, apresenta-se como inovador, cortando com a filosofia de serem os professores e alunos a definirem os objectivos estratégicos, a estratégia tem que ser definida pelos destinatários, ouvindo também os que constituem a escola; cria-se um Conselho de Curadores, autêntico conselho estratégico de interface Universidade, Empresas, Meio, constituído por:

Chanceler (1);
Erlangen Nuremberg University (1);
Imperial College of London (1);
Siemens Medical Solution (1);
API, Agência Portuguesa para o Investimento (1);
Área Metropolitana de Viseu(1);
*Conselho Consultivo Empresarial da Universidade de Viseu (2);
*Conselho Consultivo Cultural da Universidade de Viseu (1);
Personalidades de reconhecido mérito a designar pelo governo (1);
Reitor do Instituto Universitário de Estudos Científicos Avançados (1);
Presidente do Instituto Politécnico de Viseu (1);

A Universidade terá outros órgãos, designadamente de gestão, Senado, Conselho para a qualidade, Provedor do Aluno, etc..

Quanto à estrutura organizacional, cria-se uma escola de raiz, Instituto Universitário de Estudos Científicos Avançados, que se propõe iniciar com cursos de pós graduação, mestrados e doutoramentos e estudos especializados, mas desenvolver também cursos de licenciatura em áreas que não colidam com a oferta já existente em Viseu.

Integração do Instituto Politécnico de Viseu num processo de modernização progressivo, complementar, iniciando-se o processo através da Escola Superior de Tecnologia.

Das áreas a desenvolver destacam-se três Departamentos:

Tecnologias Avançadas, designadamente:

Gestão dos Sistemas de Cuidados e Tecnologias Médicas da Saúde
Produção de Tecnologias para a Electrónica e Equipamento Médico
Biotecnologia
Electrónica avançada
Tecnologias Multimédia e Métodos para Processamento de Imagem

Tecnologias das Artes

Educação e Formação ao Longo da Vida, com curso apropriados ás qualificações profissionais nas empresas e instituições, com um programa experimental destinado à Área Metropolitana de Viseu.

Formação de Quadros Superiores no Instituto Universitário e de Técnicos Intermédios no Instituto Politécnico.

Relação da Universidade de Viseu com o tecido empresarial, muito forte, criação de centros de investigação, equipas de projecto com conteúdos bem definidos, virada para a prática; desenvolvimento de uma plataforma tecnológica ligada às empresas de sucesso, designadamente da Área Metropolitana, prioridade à internacionalização e aprofundamento de áreas de oportunidade.

Plataforma de ligação das tecnologias às Artes.

Definição de uma Plataforma de Conhecimento que integre e interrelacione os diferentes centros de saber, designadamente Universidade, Empresas e Municípios.

Desenvolvidos alguns planos curriculares com condições para iniciar já em 2005.



Criação de uma Academia Regional, com a participação da Universidade de Viseu, Universidade Católica, Instituto Piaget, Instituto de Mangualde, aproveitamento de sinergias, programas conjuntos, integração de alguns departamentos, etc., etc.. programa comum

In Jornal de Noticias, 29 de Dezembro de 2004