Almeida Henriques

quinta-feira, 28 de maio de 2009

ELEIÇÕES EUROPEIAS, PRIMÁRIAS DAS LEGISLATIVAS

Não colocando em causa a importância das eleições europeias, nunca como este ano se assumem como umas primárias das legislativas a realizar em Outubro.
Normalmente, estas eleições têm-se realizado a meio de uma legislatura servindo mais para os eleitores manifestarem o seu grau de descontentamento em relação ao Governo; desta vez calha mesmo em fim de uma legislatura, que tem uma particularidade de ser a mais longa da nossa história democrática, já tem quatro anos e meio e durará quatro anos e nove meses.

Aliás, os Portugueses sentem na pele quão longa tem sido, nas oportunidades perdidas de um governo que permitia instituir as tão propaladas reformas, mas que nada fez que não fosse afrontar as várias classes profissionais, sem resultados práticos, esquecendo-se que as reformas têm que ser feitas com as pessoas e não contra elas.

Do ponto de vista económico não aproveitou o ciclo e esqueceu-se que os principais pilares do desenvolvimento económico teriam que ser as micro e as PME, deixou-se deslumbrar pelo PSI 20 e pelos grandes projectos que, na maioria dos casos, nem sequer conheceram a luz do dia.

Tendo um QREN para implantar esticou ao máximo o seu início de execução pensando que seria isso que lhe daria a vitória nas eleições, a execução do fundos comunitários começou dois anos depois, em vez de 2007 começou em 2009, perdeu-se a oportunidade de iniciar a execução num período de crescimento e em que o acesso ao crédito era mais fácil, para já não falar do facto de se ter perdido a oportunidade de “virar a agulha” no que ao modelo de crescimento económico diz respeito.

Face à crise internacional, não ouve ninguém e as medidas aprovadas não estão a ter qualquer efeito no nosso País, ao mesmo tempo que atira todas as responsabilidades para a crise, quando todos sabemos que o problema também está nas más opções de politicas dos primeiros três anos e meio do governo do PS.

A isto acresce a crescente confusão entre o Estado e o PS, esta permanente tentativa de controlar toda a sociedade.

Por tudo isto o PS merece um grande cartão vermelho nas eleições europeias.

E o PSD merece a confiança dos eleitores, porque é claramente o partido alternativo, tem demonstrado que tem um projecto diferente para o País, assente no respeito pelas pessoas e pelas instituições, não temos uma perspectiva “controleira” da sociedade, acreditamos na iniciativa privada e que só com ela se conseguirá criar a riqueza que permitirá redistribuir sob a forma de melhor acesso à saúde, à segurança social, ao ensino de qualidade, a uma justiça eficaz e célere.

Acreditamos no tecido das nossas micro e PME como motor para sairmos da crise, acreditando que é preciso ajudar a melhorar a liquidez das empresas, promover um acesso aos mercados externos bem como o lançamento de politicas de proximidade que estimulem a economia, como um melhor acesso à Central de Compras do Estado e lançamento de obras mais pequenas, disseminadas pelo País, acessíveis às inúmeras empresas que constituem a rede que dá equilíbrio ao território.

A escolha do Dr. Paulo Rangel para cabeça de lista é muito feliz, alguém que vem da sociedade, com provas dadas, que abraça a politica como missão, com discurso directo e arejado.

Apresenta-se numa lógica de aproximar os eleitos dos territórios, comprometendo-se a “alocar” cada Deputado Europeu eleito a um conjunto de Municípios para proporcionar essa proximidade.

No que ao nosso Distrito diz respeito era importante eleger a nossa conterrânea Engª. Marina Leitão Amaro, pela sua competência, pelas provas dadas na sua carreira profissional e pela pessoa completa que é, com uma dimensão ética e humana exemplar, será, seguramente uma boa representante no Parlamento Europeu.

Seria a oportunidade de, pela primeira vez, termos uma Deputada Europeia eleita por Viseu que asseguraria a interface com o Distrito e com uma boa parte da Região Centro.

Para os jovens também prometemos diferente, uma especial atenção, o lançamento de um ERASMUS de acesso ao primeiro emprego, com dimensão europeia, que permita aceder ao mercado com uma primeira experiência internacional, no seio da União Europeia.

É por isso que apelo ao seu voto numa alternativa ao Governo de Sócrates, não se abstenha no dia 7 de Junho e dê a sua confiança a Paulo Rangel, à Marina Leitão Amaro e ao PSD.

Paulo Rangel estará em Viseu no dia 3 de Junho, vai à Câmara de Lamego às 10.30, à de Tondela às 12.30 e à de Viseu às 16.30; às 21 horas fará um debate no Auditório do Instituto Piaget, uma oportunidade para se esclarecer, apareça.

In Noticias de Viseu, 28 de Maio de 2009

ELEIÇÕES EUROPEIAS, PRIMÁRIAS DAS LEGISLATIVAS

Estamos a uma semana das eleições europeias que se realizam no dia 7 de Junho, mais do que nunca, uma oportunidade para se mostrar um grande cartão vermelho ao Governo, manifestar o nosso descontentamento face às reformas que não se fizeram, face à atitude cada vez mais autoritária do exercício do poder.
Por parte do PSD, a escolha do Dr. Paulo Rangel para cabeça de lista é muito feliz, alguém que vem da sociedade, com provas dadas, que abraça a politica como missão, com discurso directo e arejado.

Apresenta-se numa lógica de aproximar os eleitos dos territórios, comprometendo-se a “alocar” cada Deputado Europeu eleito a um conjunto de Municípios para proporcionar essa proximidade.

No que ao Distrito diz respeito era importante eleger a nossa conterrânea Engª. Marina Leitão Amaro, pela sua competência, pelas provas dadas na sua carreira profissional e pela pessoa completa que é, com uma dimensão ética e humana exemplar.

Seria a oportunidade de, pela primeira vez, termos uma Deputada Europeia eleita por Viseu que asseguraria a interface com o Distrito e com uma boa parte da Região Centro.

É por isso que aproveito esta coluna para apelar ao seu voto no início da construção de uma alternativa ao Governo de Sócrates, que se inicia com as eleições europeias e terminará com as legislativas e com as autárquicas.

Não se abstenha no dia 7 de Junho e dê a sua confiança ao Dr. Paulo Rangel, à Engª. Marina Leitão e ao PSD.

O Dr. Paulo Rangel estará em Viseu no dia 3 de Junho, vai à Câmara de Lamego às 10.30, à de Tondela às 12.30 e à de Viseu às 16.30; às 21 horas fará um debate no Auditório do Instituto Piaget, uma oportunidade para se esclarecer, apareça.

COMISSÃO DE INQUÉRITO AO BPN

Realizou-se esta semana a 53ª audição no âmbito da Comissão de Inquérito ao BPN de que faço parte, com a audição do Dr. Oliveira Costa, que durante três horas leu uma declaração escrita e, durante mais cinco respondeu às nossas perguntas.

É notório que desta vez quis falar com o objectivo de acertar contas com o Dr. Dias Loureiro, o Dr. Miguel Cadilhe e o nosso conterrâneo Joaquim Coimbra.

Ficou também patente que ele era efectivamente o Homem forte do BPN, chegou a assumir que a gestão do Grupo era de grande complexidade, houve pois uma gestão centrada nele.

Ao longo de inúmeras audiências são mais que evidentes as contradições e, esta Comissão de Inquérito tem contribuído para dignificar a imagem do Parlamento e tem trazido ao de cima muita informação relevante.

É certo que os nossos objectivos são:

Avaliar a eficácia ou não da supervisão do Banco de Portugal e, quanto a este assunto, acho que há unanimidade, este supervisor falhou.

Outra avaliação que nos compete é se o caminho da nacionalização foi o mais adequado ou se, ao invés, não haveriam outras soluções menos lesivas para o bolso dos cidadãos; estou em crer, sem me querer antecipar, que haveriam outras soluções menos onerosas para o erário público.

A seu tempo voltarei a este assunto mas, para já, prova-se que quando todos os partidos se empenham num caminho de procurar a verdade, é possível fazer um bom trabalho e, para além do objecto, este trabalho tem permitido trazer à luz do dia informação relevante e está a provar que é possível apurar a verdade.

GREVE DE FOME DO SR. JOÃO GONÇALVES VALEU A PENA

A alteração ao DL 43/76 de 20 de Janeiro, que produzirá os seus efeitos quando entrar em vigor o Orçamento do estado de 2010, foi conseguida este mês, provando que a greve de fome do Sr. João Gonçalves, responsável Distrital da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, não foi em vão.

Permitiu que os partidos se entendessem e que se reponha a possibilidade de os Deficientes das Forças Armadas serem ressarcidos da totalidade das importâncias suportadas com cuidados de saúde, decorrentes de enfermidade não relacionadas com as lesões que determinaram a deficiência.

Esta situação aplica-se na parte não comparticipada pelo subsistema de saúde do qual sejam beneficiários, quando os cuidados de saúde sejam prestados por estabelecimento de Serviço de Saúde Militar, estabelecimento do SNS ou por entidades prestadoras de cuidados de saúde com as quis exista acordo estabelecido e também quando os cuidados de saúde digam respeito a assistência medicamentosa.

Foi um passo, em relação a uma justa luta que corporizou, valeu a pena meu caro amigo João Gonçalves, fico feliz por o ter levado a comer uma sopa quente.

NOVO SISTEMA DE NORMALIZAÇÂO CONTABILISTICA (SNC)

O Governo aprovou o novo SNC que vem substituir o POC (Plano Oficial de Contabilidade) e prepara-se para colocar em vigor este novo regime no dia 1 de Janeiro de 2010.

Parece-me, face à conjuntura que atravessamos, que este prazo deveria ser dilatado, pois será difícil juntar mais este problema aos inúmeros que as empresas têm para resolver.

Foi com este intuito que questionei o Governo sobre a disponibilidade para dilatar este prazo, não se percebendo a pressa, espero que ouçam.

In Noticias de Viseu, 28 de Maio de 2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

ARQUIVO DE VISEU, QUATRO ANOS E MEIO DE ATRASO

Há poucas semanas, num artigo publicado neste Jornal, Rodrigues Bispo trazia ao debate a questão do adiamento sucessivo da construção do novo Arquivo Distrital de Viseu, referindo que não se ouve nenhuma voz sobre o assunto.
De facto, há um silêncio ensurdecedor por parte dos Deputados do Partido Socialista, já passaram quatro anos e meio desde o início de funções do actual governo e, o que é estruturante foi sucessivamente adiado, ignorado ou está a ser anunciado em final de legislatura, como é o caso da ligação em auto estrada Viseu Coimbra, a conclusão da ligação do IC12 entre Mangualde e Canas de Senhorim e as três Unidades de Saúde Familiar de Viseu.

Para já não falar de muitos sonhos de Viseu que ficaram pelo caminho, como a Universidade Pública e a Grande Área Metropolitana de Viseu

O Arquivo Distrital de Viseu não foge à regra, é mais um exemplo, é bom recordar que por Despacho do Senhor Ministro da Cultura, datado de 6 de Abril de 2003 (Governo PSD) foi publicado no Diário da República de 31 de Agosto o anúncio de abertura de procedimento de concurso público de elaboração do projecto das novas instalações.

O prazo estabelecido para a execução do projecto era de 180 dias a partir da data da adjudicação.

A 5 de Novembro do mesmo ano, era assinado protocolo que estabelecia as bases de cooperação com a Câmara Municipal de Viseu, verificando-se a cedência de 5.000 m2 na Quinta da Cruz.

O projecto executou-se e a maqueta encontra-se exposta na Direcção Geral de Arquivos desde 2005.

De 2003 até agora, nada ou quase nada evoluiu, em 2005 foi Inscrito em PIDDAC com a ridícula verba de 2500 euros, em 2008 foi uma verba de cerca de um milhão que não teve qualquer execução; para 2009 está inscrita a verba de 200.000€ e a promessa de uma candidatura ao QREN.

É caso para perguntar, quatro anos e meio para produzir só isto?

Mais uma vez, coloquei uma pergunta ao senhor Ministro da Cultura para, duma vez por todas, se fazer luz sobre este assunto, para quando a construção, qual o orçamento e cronograma e, já agora a candidatura ao QREN foi ao não aprovada?

Já chega de atrasos, quatro anos e meio é demais.

O que ressalta é que desde a entrada em funções do Governo socialista este projecto tem sido empurrado para a frente, à semelhança de outros.

A propósito, recorda-se o leitor de eu ter colocado ao mesmo Ministro uma questão sobre o programa de actividades do Centro de Conservação e Restauro de Viseu localizado na Casa do Adro? Até agora, já lá vão quase seis meses, nada foi respondido.

Também não me surpreende pois este serviço, que o PS assegurou que ficaria em Viseu, não tem qualquer actividade relevante.

Pelos vistos para existir um serviço basta que venha o telefone nas páginas amarelas, o que parece que nem é o caso.
In Noticias de Viseu, 21 de Maio de 2009

Um Viriato de Ouro merecido

Numa semana rica em iniciativas na nossa cidade, dou o primeiro destaque à atribuição a título póstumo do Viriato de Ouro ao saudoso Eng.º. Engrácia Carrilho.
Estamos a falar de um dos nossos mais ilustres cidadãos, independentemente das diferenças ideológicas e das perspectivas quanto ao desenvolvimento de Viseu, um dos que marcou o nosso futuro colectivo, que deixou marca positiva na cidade e no Concelho.

Desaparecido com a sua mulher num aparatoso acidente em 1992, viu o seu mérito ser reconhecido por unanimidade na Assembleia Municipal de Viseu com a atribuição do Viriato de Ouro e, ao mesmo tempo, também por unanimidade, pelo Executivo camarário.

A mais alta distinção do Município de Viseu foi entregue à família na passada segunda feira, numa cerimónia simples, mas cheia de sentimento e reconhecimento pela obra fora.

De facto, como foi realçado pelo Dr. Fernando Ruas, a obra, pensamento e exemplo do Eng.º. Engrácia Carrilho, são património de todos, de toda a comunidade de Viseu.

Obrigado Eng.º. Carrilho pelo seu legado, pela sua entrega, um Viriato de Ouro merecido.

Revitalização do Centro Histórico

Este tema de grande actualidade conheceu esta semana dois preciosos contributos, a Conferência Ibérica promovida pela Associação Comercial de Viseu em parceria com a OSPEA e a assinatura do Contrato Local de Segurança celebrado entre a Câmara Municipal de Viseu e o Governo Civil de Viseu, homologado e apadrinhado com a presença do Senhor Ministro da Administração Interna.

Quanto ao encontro que decorreu no auditório da Escola Superior de Tecnologia, ressaltou grande unanimidade quanto à premência da revitalização dos Centros Históricos, que passa pela requalificação de edifícios e urbanística, aliciar pessoas para se fixarem nesta zona da cidade, fixar serviços que tragam movimento, revitalizar o comércio criando uma dinâmica de Centro Comercial de Ar Livre.

Outra das ideias força foi a necessidade de agilizar as diferentes iniciativas, criando uma verdadeira rede de esforços, polarizada e coordenada pela nossa Associação Comercial.

Ficou bem patente que a autarquia está a fazer o seu trabalho, e bem, foram inúmeros os exemplos de requalificação urbanística, todos os meses verificamos que mais edifícios são requalificados, melhorando a qualidade dos mesmos e criando condições para se fixarem pessoas, serviços e novas empresas; o funicular será também um elemento dinamizador da circulação para o centro histórico.

A autarquia anunciou que o Posto de Turismo se irá localizar na Casa do Adro, junto à Sé de Viseu, cumprindo o desígnio de localizar serviços neste espaço de Viseu, esperando-se que o Governo e o PS cumpram a sua responsabilidade de localização da Nova Loja do Cidadão.

A Associação Comercial viu uma candidatura aprovada com o objectivo da promoção do centro histórico e a criação de uma dinâmica de centro comercial de ar livre que possa concorrer com o Palácio do Gelo e com o Fórum, com animação de rua, com lojas de qualidade e complementares.

A assinatura do Contrato Local de Segurança, vem conjugar esforços para que o Centro Histórico continue a ser um espaço onde podemos circular tranquilamente e em segurança, para que possamos continuar a apregoar Viseu como uma cidade onde se pode circular em qualquer rua.

O percurso está a ser feito, com o empenhamento de todos, à excepção de alguns que só vêm aspectos negativos e teimam em achar que só o exemplo dos outros é bom.

De facto, Guimarães é um bom exemplo, mas se falarmos com os comerciantes do Centro Histórico verificaremos que se confrontam com os mesmos problemas dos colegas de Viseu.

Devemos aprender com os outros, mas temos a obrigação de enaltecer os bons exemplo que temos e o esforço que está s ser feito.

Os Desafios do Milénio

Por último, uma palavra aos cinco alunos do 12º O da Escola Alves Martins, José Coimbra, Hugo Dantas, Manuel Mirandez, Paulo Viegas e André Cruz, que promoveram um trabalho critico sobre os objectivos do milénio fixados pela ONU e subscritos por 189 países.

Mostraram que estão atentos ao que os rodeia e estão disponíveis para a participação cívica, com mente aberta.

Parabéns e que o vosso exemplo “contamine” outros jovens.

Gostei de participar na iniciativa e no debate.

PS no seu melhor!

Só um último apontamento final, que vem em linha com a prepotência e arrogância do Partido Socialista que tudo quer controlar.

Estive convidado para participar num debate com o Dr. Capoulas Santos do PS sendo o tema os fundos comunitário após 2013; fui “desconvidado” no início da semana pois, pelos vistos, não agradava ao PS que fosse eu o orador oponente.

Tire o eleitor as suas ilações, mais um exemplo de que o exercício continuado do poder cria vícios.

E são os mesmos que muitas vezes nos acusam de intolerância, falta de espírito democrático e arrogância!

In Diário de Viseu, 21 de Maio de 2009

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Boys

O exercício do poder é legitimo e quem tem a confiança dos eleitores deve faze-lo, mas sempre no estrito respeito da separação das realidades que são os partidos e o Estado e nunca perdendo de vista o bem público e a perspectiva de serviço à comunidade.

Em fim de mandato e quatro anos e meio depois de ter alcançado a maioria absoluta, o PS confunde constantemente o interesse partidário com a máquina do estado, são inúmeros os casos.

Veja-se a situação do lançamento do Magalhães há dois anos em que usou figurantes e não alunos verdadeiros, numa visita de Sócrates a uma Escola, veja-se agora a utilização abusiva de crianças de uma escola do Alentejo para um anúncio ou tempo de antena do PS.

É uma constante a pressão do governo sobre os jornalistas e instituições para que passe a “verdade oficial”, vivendo-se uma situação que já foi, justamente, apelidada de “asfixia democrática”.

No domínio da economia, são já socialistas como Henrique Neto que denunciam a situação das “empresas do regime”.

Ainda há dias alertei para uma situação de nomeação de pessoas da confiança de Manuel Pinho para a gestão de empresas privadas em que o Estado, através do capital de risco, coloca dinheiro, uma situação legítima, dirão, mas do ponto de vista ético duvidosa; numa das empresas o administrador nomeado, além de amigo do Ministro, é também marido de uma das administradoras que o nomeia; há quase um Mês que aguardo resposta.

Ao nível do Distrito, vive-se a mesma realidade asfixiante, quem se der ao trabalho de ir a um hotel da nossa cidade à segunda feira verifica “in loco” o exercício do poder socialista com os diferentes boys nomeados para os lugares a concertarem actuações e a receberem instruções da liderança distrital.

Os resultados estão á vista e são, no mínimo, indecorosos.

Há poucos meses foram as candidaturas ao QREN dos caminhos rurais, denunciei situações em Mangualde, pelos vistos a condição para aprovação das candidaturas era o facto de a Junta ser ou não governada por um socialista.

Agora foi a vez dos Gabinetes de Inserção Profissional, situação denunciada pelos Presidentes de Câmaras do PSD, afinal de contas, todas as Câmaras socialistas foram contempladas, Resende, Cinfães, Tarouca e Mortágua e, nas restantes autarquias, a constante foi a contemplação de Juntas de Freguesia socialistas ou instituições que têm à sua frente socialistas, haja um pouco de decoro!

Indo ao extremo, se olharmos para as candidaturas socialistas às autarquias do distrito, salta logo à vista um facto, o excessivo número de pessoas titulares de cargos por nomeação que são candidatos.

Em Viseu, o candidato sempre carrasco em relação às questões locais e também sempre subserviente ao poder central, em Mangualde o assessor do grupo parlamentar do PS, em S. Pedro do Sul o responsável da ARS no distrito, em Santa Comba Dão um assessor do Governo Civil, em Tabuaço o director do Centro de Emprego, em Vouzela o responsável regional das florestas, isto para só citar os que tenho de memória.

Desde logo duas questões, as nomeações para os lugares serviram para dar visibilidade para serem candidatos ou para dar disponibilidade de tempo para prepararem as candidaturas?

Uma conclusão, é mesmo um PS em fim de ciclo, que não tem capacidade para recrutar candidaturas na sociedade civil, que se fecha cada vez mais no casulo que é o partido, divorciado da realidade e das expectativas das populações, mesmo para arranjar candidatos a Câmaras tem que os recrutar de entre os boys que nomeou nestes quatro anos e meio.

Apesar do registo são opções legítimas, o que já não é admissível é a influência de poder e a confusão entre o que é o Partido e o aparelho do Estado, haja decoro e, pelo menos, alguma vergonha.

In Noticias de Viseu, 14 de Maio de 2009

Estado e PS, que confusão!

No último debate quinzenal o líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, relembrou a constante situação de confusão entre o aparelho de estado e o aparelho do partido socialista.
Veja-se a situação do lançamento do Magalhães há dois anos em que usou figurantes e não alunos verdadeiros, numa visita de Sócrates a uma Escola, veja-se agora a utilização abusiva de crianças de uma escola do Alentejo para um anúncio ou tempo de antena do PS.

É uma constante a pressão do governo sobre os jornalistas e instituições para que passe a “verdade oficial”, vivendo-se uma situação que já foi, justamente, apelidada de “asfixia democrática”.

No domínio da economia, são já socialistas como Henrique Neto que denunciam a situação das “empresas do regime”.

Ainda há dias denunciei uma situação de nomeação de pessoas da confiança de Manuel Pinho para a gestão de empresas privadas em que o Estado, através do capital de risco, coloca dinheiro, uma situação legítima, dirão, mas do ponto de vista ético duvidosa; numa das empresas o administrador nomeado, além de amigo do Ministro, é também marido de uma das administradoras que o nomeia.

Ao nível do Distrito, vive-se a mesma realidade asfixiante, ainda há poucos meses foram as candidaturas ao QREN dos caminhos rurais, denunciei situações em Mangualde, pelos vistos a condição para aprovação das candidaturas era o facto de a Junta ser ou não governada por um socialista.

Agora foi a vez dos Gabinetes de Inserção Profissional, situação denunciada pelos Presidentes de Câmaras do PSD, afinal de contas, todas as Câmaras socialistas foram contempladas, Resende, Cinfães, Tarouca e Mortágua e, nas restantes autarquias, a constante foi a contemplação de Juntas de Freguesia socialistas ou instituições que têm à sua frente socialistas, haja um pouco de decoro!

Apoiar a economia, ouvir a sociedade e a oposição!

No que às empresas diz respeito, o Primeiro-ministro anunciou uma linha de crédito INVEST IV, mas não esclareceu se o dinheiro disponível chegará às empresas ou se, mais uma vez, vai ser a banca a reforçar as suas garantias.

Finalmente parece olhar para as exportações, vem reconhecer que as medidas tomadas não produziram qualquer efeito e que as empresas, muitas vezes têm mercado, mas não conseguem aprovar seguros de crédito às exportações.

Em diferentes debates parlamentares sugeri que o Governo avocasse a si a questão dos seguros de crédito.

A acreditar nas palavras do Primeiro-ministro será o caminho que sugeri que vai ser seguido em matéria de seguros de crédito, vou aguardar para ver, espero que reconheçam a “bondade” de mais esta proposta da oposição.

Muito lentamente, perdendo oportunidade, a teimosia do Governo vai adiando as medidas essenciais para ajudar as micro e PME neste contexto de crise.

Tudo o que possa ajudar a melhorar a liquidez das empresas, promover as exportações e estimular as economias de proximidade, terá o meu apoio.

O que esta conjuntura precisa, o que as empresas precisam é de: acesso ao crédito em condições vantajosas, sem spread escandalosos; que o Estado pague a horas, o último relatório conhecido diz que somos dos piores pagadores, apesar da propaganda do governo; um apoio forte e célere à exportação de bens e serviços bem como conquista de novos mercados; apoio efectivo à inovação e promoção do empreendedorismo.

Basta copiar o que outros governos europeus estão a fazer bem, basta seguir sugestões que o PSD tem apresentado, sem a habitual teimosia do PS de considerar que tudo o que propomos é errado, vindo mais tarde a dar-nos razão.

In Diário de Viseu, 14 de Maio de 2009

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Olhar a China, quatro anos depois

O sábio teme o céu sereno.


Em compensação, quando vem a tempestade,


Caminha sobre as ondas e desafia o vento.


Não te suponhas tão grande que os outros te pareçam pequenos.


Confúcio



Há quatro anos e meio visitei a China e recordo-me de escrever sobre o espírito deste povo, a pujança da economia e a capacidade criadora que permitiu ver, em cerca de 10 dias de visita quatro territórios pujantes , Pequim, Xi-An, Cantão e Hong Kong, aterrar em quatro aeroportos com menos de cinco anos e uma rede de auto estradas capaz de fazer inveja aos europeus.

Nesta altura, ano de 2004, a economia crescia ao ritmo de 12% ao ano, situação que se manteve entre 2000 e 2008, a China apostava no mercado interno, nas exportações, na captação de investimento, tirava partido do crescimento do mundo e preparava a organização dos Jogos Olímpicos 2008.

Questionava-me sobre as diferenças que iria encontrar e sobre os reflexos da crise internacional.

Logo na viagem, nada de novo, as 12 horas de viagem, com escala em Frankfurt e o voo até Pequim num avião cheio de homens de negócios, tudo normal!

Aterrei no aeroporto de Pequim, de proporções gigantescas, boa arquitectura, funcional e preparado para os Jogos Olímpicos, primeira surpresa, muito menos aviões, diria mesmo, alguns terminais “às moscas”, onde estavam as multidões e o bulício de há quatro anos?

No percurso para o hotel, a cidade estaleiro tinha dado lugar a uma nova urbe com 16 milhões de pessoas, mais harmoniosa, um tráfego mais fluido, muitas zonas verdes e árvores e jardins, dando um aspecto mais cosmopolita e saudável, um ar menos carregado do que tinha sentido.

As obras emblemáticas lá estavam, a cidade olímpica com o célebre “ninho”, o estádio que serviu de palco às magnificas abertura e encerramento, o espaço onde Phelps cilindrou vários recordes olímpicos e mundiais, toda a capacidade de concretização deste povo com mais de 4.000 anos de história, que foi capaz de construir a muralha da China, o único monumento visível do espaço.

Este Povo que tem como referência e filosofia de vida um personagem que viveu há mais de 2.500 anos, Confúcio, e que parece querer ressuscitá-lo e “vendê-lo” ao mundo.

De facto, através da Professora Yu Dan, Confúcio é hoje cada vez mais popular na China e no mundo, esta estudiosa e excelente comunicadora alimenta um programa semanal de grande audiência na televisão sobre este pensador e já vendeu mais de 20 milhões de exemplares do seus livros sobre o confucionismo.

Sustenta que Confúcio, que colocava a mãe no centro da família, está mais actual do que nunca, defende que as qualidades para uma pessoa ser bem sucedida neste mundo de hoje, são as que Confúcio defendeu, a simpatia (ajudar as pessoas para estabelecerem uma cadeia, as redes da actualidade), a sabedoria (ajuda as pessoas a desenvolverem-se) e a bravura (arrojo para fazer, a coragem para se abalançarem).

Valoriza, como Confúcio, os valores da Modéstia e da Tolerância.

De facto, dito assim, e se extrapolarmos para a economia, descortinamos a capacidade comercial na simpatia, a aposta na inovação na sabedoria e a capacidade empreendedora na bravura, condições fundamentais para o sucesso da economia chinesa.

Será que estamos perante uma China desenvolvida que se vira cada vez mais para o Confucionismo? Afinal de contas o pensamento mais longínquo do budismo que só aparece nos anos 200 aC.

A China pragmática que convive muito bem com um pensamento milenar.

Poderemos entender melhor este pensamento dentro de poucos meses, quando estes livros forem traduzidos e lançados em português e tivermos a visita desta professora universitária cujo nome devemos fixar, Yu Dan.

Como curiosidade da importância que o Português ganha para o mundo, a CCTV, a televisão estatal da China, programa avançar com um canal com emissão na nossa língua no ano 2010, depois de ter efectuado a abertura em espanhol e inglês.

Conto estes pormenores pela curiosidade que comportam, desviando-me do tema da minha reflexão, a reacção da China à crise internacional.

Recorde-se que com a assumpção do poder por parte de Hu Jintao (a partir de 2000), que sucede a Jiang Zemin, os pilares da estratégia económica assentavam no investimento em infra estruturas, o aumento exponencial das exportações, a criação de empresas com identidade global por aquisição de empresas internacionais (exemplo da IBM), aumento do consumo interno e redução da dependência das exportações e investimento.

Todo este desenvolvimento conduziu a China ao patamar que ocupa hoje:

O País mais populoso do mundo, 1.300 milhões de pessoas, 20% da população mundial; 1 em cada 5 habitantes do mundo serão chineses no ano de 2040, com todo o potencial de crescimento do mercado interno que isto comporta.

Tem 48 cidades com mais de um milhão de habitantes.

A China é já a segunda economia do mundo em ppp ( 84ª no produto per capita ) e o segundo maior investidor em inovação, cerca de 140 biliões de dólares anuais.

Com a crise internacional, são sobretudo as províncias mais industrializadas e dependentes das exportações que sofrem, calcula-se que se perderam mais de 20 milhões de postos de trabalho, sobretudo de migrantes rurais, os tais que abandonaram a terra e foram à procura de melhores condições, saindo do limiar da pobreza, um grave problema novo que a crise trouxe ao País.

Só no quarto trimestre de 2008 o decréscimo das exportações foi da ordem dos 30% e o primeiro de 2009 manteve a mesma tendência.

Para termos um padrão de comparação, estima-se que cada 1% de crescimento do PIB cria 1 milhão de postos de trabalho.

Como se explica que com este crescimento do desemprego e das exportações a China perspective crescer 8% em 2009.

Como resposta a estes problemas, a Assembleia Nacional Popular aprovou um pacote de medidas anti crise, só que todos os apoios se dirigiram para a economia real, pois o sistema financeiro estava forte e não houve necessidade de lhe injectar dinheiro.

Este plano direccionou 4.000 milhões de dólares para investimento de proximidade, redução de impostos em produtos de consumo como imobiliário e sector automóvel (no 1º. trimestre venderam-se dois milhões e setecentos mil veículos novos), criação de um conjunto de medidas de estimulo à criação de emprego e algumas medidas para as populações de mais baixo rendimento e incremento do turismo interno.

Os resultados estão à vista, a China sente muito menos a crise que o resto do mundo, reage à diminuição da procura externa estimulando a procura interna.

Obviamente que estamos para ver como reage à pressão do regresso dos desempregados ao mundo rural, como se comportará a sociedade que se habituou a viver de acordo com certos padrões e a tirar 40 milhões de pessoas por ano do estado de pobreza, o grande desafio para a China é como irá conciliar o desenvolvimento económico e estabilidade social e o crescimento das assimetrias regionais.

Obviamente que tem que conviver com problemas como a sustentabilidade social do seu modelo desenvolvimento, a estrutura etária e o envelhecimento da sua população, os problemas ambientais, a modernização das suas instituições e a própria pressão da sociedade mas, para já, aparentemente, está a ganhar mais esta batalha, em desfavor do ocidente.

Portugal tem que aproveitar este potencial e a proximidade histórica que temos, no ano em que se comemoram os 30 anos do restabelecimento das relações diplomáticas e 10 anos da transferência da soberania de Macau, deveríamos fazer um esforço de estreitar os laços económicos.

São cerca de trinta as principais empresas portuguesas estabelecidas na China, é preciso duplicar este número, bem como incrementar os fluxos comerciais entre os dois países, promovendo investimento chinês (só 10 empresas chinesas investiram no nosso País nos últimos cinco anos) em Portugal e potenciando exportações portuguesas.

Os chineses viajam cada vez mais, o turismo deveria ser mais estimulado, é um dos sectores que poderá crescer duma forma mais rápida, uma ligação aérea Lisboa Pequim poderia ajudar muito.

O nosso desenvolvimento no domínio das energias renováveis é também um campo a explorar.

A política pode e deve ajudar a economia, estas datas que referi poderiam ser melhor aproveitadas, esta missão parlamentar chefiada pelo Dr. Jaime Gama provou-o.

Não poderemos no futuro desperdiçar um mercado que representa 20% da humanidade e aquela que se poderá tornar na maior economia do mundo, com toda a capacidade de investimento que comporta.

Simplesmente a China dos grandes crescimentos que concilia pragmatismo com o pensamento de Confúcio.
In Revista Invest, 7 de Maio de 2009

A China de Confúcio

Quatro anos depois, regressei à China numa visita de trabalho, procurando diferenças e verificando os progressos desde 2004.
No percurso para o hotel, a cidade estaleiro de Pequim tinha dado lugar a uma nova urbe com 16 milhões de pessoas, mais harmoniosa, um tráfego mais fluido, muitas zonas verdes e árvores e jardins, dando um aspecto mais cosmopolita e saudável, um ar menos carregado do que tinha sentido.

As obras emblemáticas lá estavam, a cidade olímpica com o célebre “ninho”, o estádio que serviu de palco às magnificas abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de Pequim, o espaço onde Phelps cilindrou vários recordes olímpicos e mundiais, toda a capacidade de concretização deste povo com mais de 4.000 anos de história, que foi capaz de construir a muralha da China, o único monumento visível do espaço.

Este Povo que tem como referência e filosofia de vida um personagem que viveu há mais de 2.500 anos, Confúcio, e que parece querer ressuscitá-lo e “vendê-lo” ao mundo.

De facto, através da Professora Yu Dan, Confúcio é hoje cada vez mais popular na China e no mundo, esta estudiosa e excelente comunicadora alimenta um programa semanal de grande audiência na televisão sobre este pensador e já vendeu mais de 20 milhões de exemplares do seus livros sobre o confucionismo.

Sustenta que Confúcio, que colocava a mãe no centro da família, está mais actual do que nunca, defende que as qualidades para uma pessoa ser bem sucedida neste mundo de hoje, são as que Confúcio defendeu, a simpatia (ajudar as pessoas para estabelecerem uma cadeia, as redes da actualidade), a sabedoria (ajuda as pessoas a desenvolverem-se) e a bravura (arrojo para fazer, a coragem para se abalançarem).

Valoriza, como Confúcio, os valores da Modéstia e da Tolerância.

De facto, dito assim, e se extrapolarmos para a economia, descortinamos a capacidade comercial na simpatia, a aposta na inovação na sabedoria e a capacidade empreendedora na bravura, condições fundamentais para o sucesso da economia chinesa.

Será que estamos perante uma China desenvolvida que se vira cada vez mais para o Confucionismo? Afinal de contas o pensamento mais longínquo do budismo que só aparece nos anos 200 aC.

A China pragmática que convive muito bem com um pensamento milenar.

Poderemos entender melhor este pensamento dentro de poucos meses, quando estes livros forem traduzidos e lançados em português e tivermos a visita desta professora universitária cujo nome devemos fixar, Yu Dan.

Como curiosidade da importância que o Português ganha para o mundo, a CCTV, a televisão estatal da China, programa avançar com um canal com emissão na nossa língua no ano 2010, depois de ter efectuado a abertura em espanhol e inglês.

É esta a China que responde à crise internacional com o seu sistema financeiro sólido e que prevê crescer, mesmo assim, 8% este ano.

É esta China de Confúcio que devemos aproveitar no ano em que comemoramos 30 anos de restabelecimento diplomático com Portugal e 10 anos de transferência de poderes de Macau.

A China de Confúcio continua a ser uma oportunidade para os portugueses, desde os primeiros contactos no século XVI.

In Noticias de Viseu, 07 de Maio de 2009

Olhar a China, quatro anos depois

O sábio teme o céu sereno.
Em compensação, quando vem a tempestade,
Caminha sobre as ondas e desafia o vento.
Não te suponhas tão grande que os outros te pareçam pequenos.
Confúcio

Há quatro anos e meio visitei a China e recordo-me de escrever sobre o espírito deste povo, a pujança da economia e a capacidade criadora que permitiu ver, em cerca de 10 dias de visita quatro territórios pujantes , Pequim, Xi-An, Cantão e Hong Kong, aterrar em quatro aeroportos com menos de cinco anos e uma rede de auto estradas capaz de fazer inveja aos europeus.
Nesta altura, ano de 2004, a economia crescia ao ritmo de 12% ao ano, situação que se manteve entre 2000 e 2008, a China apostava no mercado interno, nas exportações, na captação de investimento, tirava partido do crescimento do mundo e preparava a organização dos Jogos Olímpicos 2008.
Questionava-me sobre as diferenças que iria encontrar e sobre os reflexos da crise internacional.
Logo na viagem, nada de novo, as 12 horas de viagem, com escala em Frankfurt e o voo até Pequim num avião cheio de homens de negócios, tudo normal!
Aterrei no aeroporto de Pequim, de proporções gigantescas, boa arquitectura, funcional e preparado para os Jogos Olímpicos, primeira surpresa, muito menos aviões, diria mesmo, alguns terminais “às moscas”, onde estavam as multidões e o bulício de há quatro anos?
No percurso para o hotel, a cidade estaleiro tinha dado lugar a uma nova urbe com 16 milhões de pessoas, mais harmoniosa, um tráfego mais fluido, muitas zonas verdes e árvores e jardins, dando um aspecto mais cosmopolita e saudável, um ar menos carregado do que tinha sentido.
As obras emblemáticas lá estavam, a cidade olímpica com o célebre “ninho”, o estádio que serviu de palco às magnificas abertura e encerramento, o espaço onde Phelps cilindrou vários recordes olímpicos e mundiais, toda a capacidade de concretização deste povo com mais de 4.000 anos de história, que foi capaz de construir a muralha da China, o único monumento visível do espaço.
Este Povo que tem como referência e filosofia de vida um personagem que viveu há mais de 2.500 anos, Confúcio, e que parece querer ressuscitá-lo e “vendê-lo” ao mundo.
De facto, através da Professora Yu Dan, Confúcio é hoje cada vez mais popular na China e no mundo, esta estudiosa e excelente comunicadora alimenta um programa semanal de grande audiência na televisão sobre este pensador e já vendeu mais de 20 milhões de exemplares do seus livros sobre o confucionismo.
Sustenta que Confúcio, que colocava a mãe no centro da família, está mais actual do que nunca, defende que as qualidades para uma pessoa ser bem sucedida neste mundo de hoje, são as que Confúcio defendeu, a simpatia (ajudar as pessoas para estabelecerem uma cadeia, as redes da actualidade), a sabedoria (ajuda as pessoas a desenvolverem-se) e a bravura (arrojo para fazer, a coragem para se abalançarem).
Valoriza, como Confúcio, os valores da Modéstia e da Tolerância.
De facto, dito assim, e se extrapolarmos para a economia, descortinamos a capacidade comercial na simpatia, a aposta na inovação na sabedoria e a capacidade empreendedora na bravura, condições fundamentais para o sucesso da economia chinesa.
Será que estamos perante uma China desenvolvida que se vira cada vez mais para o Confucionismo? Afinal de contas o pensamento mais longínquo do budismo que só aparece nos anos 200 aC.
A China pragmática que convive muito bem com um pensamento milenar.
Poderemos entender melhor este pensamento dentro de poucos meses, quando estes livros forem traduzidos e lançados em português e tivermos a visita desta professora universitária cujo nome devemos fixar, Yu Dan.
Como curiosidade da importância que o Português ganha para o mundo, a CCTV, a televisão estatal da China, programa avançar com um canal com emissão na nossa língua no ano 2010, depois de ter efectuado a abertura em espanhol e inglês.
Conto estes pormenores pela curiosidade que comportam, desviando-me do tema da minha reflexão, a reacção da China à crise internacional.
Recorde-se que com a assumpção do poder por parte de Hu Jintao (a partir de 2000), que sucede a Jiang Zemin, os pilares da estratégia económica assentavam no investimento em infra estruturas, o aumento exponencial das exportações, a criação de empresas com identidade global por aquisição de empresas internacionais (exemplo da IBM), aumento do consumo interno e redução da dependência das exportações e investimento.
Todo este desenvolvimento conduziu a China ao patamar que ocupa hoje:
O País mais populoso do mundo, 1.300 milhões de pessoas, 20% da população mundial; 1 em cada 5 habitantes do mundo serão chineses no ano de 2040, com todo o potencial de crescimento do mercado interno que isto comporta.
Tem 48 cidades com mais de um milhão de habitantes.
A China é já a segunda economia do mundo em ppp ( 84ª no produto per capita ) e o segundo maior investidor em inovação, cerca de 140 biliões de dólares anuais.
Com a crise internacional, são sobretudo as províncias mais industrializadas e dependentes das exportações que sofrem, calcula-se que se perderam mais de 20 milhões de postos de trabalho, sobretudo de migrantes rurais, os tais que abandonaram a terra e foram à procura de melhores condições, saindo do limiar da pobreza, um grave problema novo que a crise trouxe ao País.
Só no quarto trimestre de 2008 o decréscimo das exportações foi da ordem dos 30% e o primeiro de 2009 manteve a mesma tendência.
Para termos um padrão de comparação, estima-se que cada 1% de crescimento do PIB cria 1 milhão de postos de trabalho.
Como se explica que com este crescimento do desemprego e das exportações a China perspective crescer 8% em 2009.
Como resposta a estes problemas, a Assembleia Nacional Popular aprovou um pacote de medidas anti crise, só que todos os apoios se dirigiram para a economia real, pois o sistema financeiro estava forte e não houve necessidade de lhe injectar dinheiro.
Este plano direccionou 4.000 milhões de dólares para investimento de proximidade, redução de impostos em produtos de consumo como imobiliário e sector automóvel (no 1º. trimestre venderam-se dois milhões e setecentos mil veículos novos), criação de um conjunto de medidas de estimulo à criação de emprego e algumas medidas para as populações de mais baixo rendimento e incremento do turismo interno.
Os resultados estão à vista, a China sente muito menos a crise que o resto do mundo, reage à diminuição da procura externa estimulando a procura interna.
Obviamente que estamos para ver como reage à pressão do regresso dos desempregados ao mundo rural, como se comportará a sociedade que se habituou a viver de acordo com certos padrões e a tirar 40 milhões de pessoas por ano do estado de pobreza, o grande desafio para a China é como irá conciliar o desenvolvimento económico e estabilidade social e o crescimento das assimetrias regionais.
Obviamente que tem que conviver com problemas como a sustentabilidade social do seu modelo desenvolvimento, a estrutura etária e o envelhecimento da sua população, os problemas ambientais, a modernização das suas instituições e a própria pressão da sociedade mas, para já, aparentemente, está a ganhar mais esta batalha, em desfavor do ocidente.
Portugal tem que aproveitar este potencial e a proximidade histórica que temos, no ano em que se comemoram os 30 anos do restabelecimento das relações diplomáticas e 10 anos da transferência da soberania de Macau, deveríamos fazer um esforço de estreitar os laços económicos.
São cerca de trinta as principais empresas portuguesas estabelecidas na China, é preciso duplicar este número, bem como incrementar os fluxos comerciais entre os dois países, promovendo investimento chinês (só 10 empresas chinesas investiram no nosso País nos últimos cinco anos) em Portugal e potenciando exportações portuguesas.
Os chineses viajam cada vez mais, o turismo deveria ser mais estimulado, é um dos sectores que poderá crescer duma forma mais rápida, uma ligação aérea Lisboa Pequim poderia ajudar muito.
O nosso desenvolvimento no domínio das energias renováveis é também um campo a explorar.
A política pode e deve ajudar a economia, estas datas que referi poderiam ser melhor aproveitadas, esta missão parlamentar chefiada pelo Dr. Jaime Gama provou-o.
Não poderemos no futuro desperdiçar um mercado que representa 20% da humanidade e aquela que se poderá tornar na maior economia do mundo, com toda a capacidade de investimento que comporta.
Simplesmente a China dos grandes crescimentos que concilia pragmatismo com o pensamento de Confúcio.
In Revista Invest, 7 de Maio de 2009
A China de Confúcio




Quatro anos depois, regressei à China numa visita de trabalho, procurando diferenças e verificando os progressos desde 2004.

No percurso para o hotel, a cidade estaleiro de Pequim tinha dado lugar a uma nova urbe com 16 milhões de pessoas, mais harmoniosa, um tráfego mais fluido, muitas zonas verdes e árvores e jardins, dando um aspecto mais cosmopolita e saudável, um ar menos carregado do que tinha sentido.

As obras emblemáticas lá estavam, a cidade olímpica com o célebre “ninho”, o estádio que serviu de palco às magnificas abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de Pequim, o espaço onde Phelps cilindrou vários recordes olímpicos e mundiais, toda a capacidade de concretização deste povo com mais de 4.000 anos de história, que foi capaz de construir a muralha da China, o único monumento visível do espaço.

Este Povo que tem como referência e filosofia de vida um personagem que viveu há mais de 2.500 anos, Confúcio, e que parece querer ressuscitá-lo e “vendê-lo” ao mundo.

De facto, através da Professora Yu Dan, Confúcio é hoje cada vez mais popular na China e no mundo, esta estudiosa e excelente comunicadora alimenta um programa semanal de grande audiência na televisão sobre este pensador e já vendeu mais de 20 milhões de exemplares do seus livros sobre o confucionismo.

Sustenta que Confúcio, que colocava a mãe no centro da família, está mais actual do que nunca, defende que as qualidades para uma pessoa ser bem sucedida neste mundo de hoje, são as que Confúcio defendeu, a simpatia (ajudar as pessoas para estabelecerem uma cadeia, as redes da actualidade), a sabedoria (ajuda as pessoas a desenvolverem-se) e a bravura (arrojo para fazer, a coragem para se abalançarem).

Valoriza, como Confúcio, os valores da Modéstia e da Tolerância.

De facto, dito assim, e se extrapolarmos para a economia, descortinamos a capacidade comercial na simpatia, a aposta na inovação na sabedoria e a capacidade empreendedora na bravura, condições fundamentais para o sucesso da economia chinesa.

Será que estamos perante uma China desenvolvida que se vira cada vez mais para o Confucionismo? Afinal de contas o pensamento mais longínquo do budismo que só aparece nos anos 200 aC.

A China pragmática que convive muito bem com um pensamento milenar.

Poderemos entender melhor este pensamento dentro de poucos meses, quando estes livros forem traduzidos e lançados em português e tivermos a visita desta professora universitária cujo nome devemos fixar, Yu Dan.

Como curiosidade da importância que o Português ganha para o mundo, a CCTV, a televisão estatal da China, programa avançar com um canal com emissão na nossa língua no ano 2010, depois de ter efectuado a abertura em espanhol e inglês.

É esta a China que responde à crise internacional com o seu sistema financeiro sólido e que prevê crescer, mesmo assim, 8% este ano.

É esta China de Confúcio que devemos aproveitar no ano em que comemoramos 30 anos de restabelecimento diplomático com Portugal e 10 anos de transferência de poderes de Macau.

A China de Confúcio continua a ser uma oportunidade para os portugueses, desde os primeiros contactos no século XVI.

In Noticias de Viseu, 07 de Maio de 2009

China, as respostas à crise

Há quatro anos atrás, visitei pela primeira vez a China, pelo que nesta visita de trabalho que estou a efectuar, estava curioso para ver a evolução e o impacto da crise no País.

Recordo-me de escrever sobre o espírito deste povo, a pujança da economia e a capacidade criadora que permitiu ver, em cerca de 10 dias de visita quatro territórios pujantes , Pequim, Xi-An, Cantão e Hong Kong, aterrar em quatro aeroportos com menos de cinco anos e uma rede de auto estradas capaz de fazer inveja aos europeus.

Nesta altura, ano de 2004, a economia crescia ao ritmo de 12% ao ano, situação que se manteve entre 2000 e 2008, a China apostava no mercado interno, nas exportações, na captação de investimento, tirava partido do crescimento do mundo e preparava a organização dos Jogos Olímpicos 2008.

A era de Hu Jintao conduziu a China ao patamar que ocupa hoje:

O País mais populoso do mundo (1.300 milhões) com 48 cidades com mais de um milhão de habitantes que já é a segunda economia do mundo em ppp ( 84ª no produto per capita ) e o segundo maior investidor em inovação, cerca de 140 biliões de dólares anuais.

Com a crise internacional, são sobretudo as províncias mais industrializadas e dependentes das exportações que sofrem, calcula-se que se perderam mais de 20 milhões de postos de trabalho, sobretudo de migrantes rurais, os tais que abandonaram a terra e foram à procura de melhores condições, saindo do limiar da pobreza, um grave problema novo que a crise trouxe ao País.

Só no quarto trimestre de 2008 o decréscimo das exportações foi da ordem dos 30% e o primeiro de 2009 manteve a mesma tendência.

Não percebia como os responsáveis continuam a perspectivar um crescimento de 8% para este ano.

Foi-me explicado que tinham adoptado um pacote de medidas anti crise, só que todos os apoios se dirigiram para a economia real, pois o sistema financeiro estava forte e não houve necessidade de lhe injectar dinheiro.

Este plano direccionou 4.000 milhões de dólares para investimento de proximidade, redução de impostos em produtos de consumo como imobiliário e sector automóvel (no 1º. trimestre venderam-se dois milhões e setecentos mil veículos novos), criação de um conjunto de medidas de estimulo à criação de emprego e algumas medidas para as populações de mais baixo rendimento e incremento do turismo interno.

Os resultados estão à vista, a China sente muito menos a crise que o resto do mundo, reage à diminuição da procura externa estimulando a procura interna.

Obviamente que estamos para ver como reage à pressão do regresso dos desempregados ao mundo rural, como se comportará a sociedade que se habituou a viver de acordo com certos padrões e a tirar 40 milhões de pessoas por ano do estado de pobreza, o grande desafio para a China é como irá conciliar o desenvolvimento económico e estabilidade social e o crescimento das assimetrias regionais.

Apesar de todos estes constrangimentos para já, aparentemente, está a ganhar mais esta batalha, em desfavor do ocidente, num período de crise continua a crescer… 8% ao ano.

Temos de colocar aqui os olhos e aproveitar o potencial de aproximação das duas economias, aproveitar o momento politico que é a comemoração dos 30 anos de restabelecimento diplomático e de 10 anos da transferência de soberania de Macau.

Esta missão parlamentar prova que há um caminho a seguir pelo governo e pela economia, a tal real, das empresas com o apoio do Governo.

In Diário de Viseu, 07 de Maio de 2009