Almeida Henriques

quarta-feira, 7 de junho de 2006

O Exemplo da HUF

A agenda mediática dos nossos dias provoca muitas vezes o esquecimento de questões que são estratégicas e vitais para o nosso futuro e bem estar.
A verdade é que continuamos a tratar dos assuntos que marcam os telejornais e deixamos à margem os temas e os projectos que poderão fazer a diferença do desenvolvimento do nosso território. Por exemplo, que estratégia estamos, supostamente, a desenhar para o futuro, nomeadamente para o próximo quadro de referência estratégico que se reporta ao período 2007/2013?
É certo que muitos consideram que o importante é em algum gabinete da administração central se estarem a definir as estratégias. A realidade demonstra o contrário, o sucesso dos territórios depende da capacidade de acompanhar e de alavancar os projectos que quem lá labora, e qualquer estratégia de desenvolvimento só será eficaz se for participada e apropriada pelos agentes económicos e de desenvolvimento regional, isto é, cidadãos, empresas, autarquias, escolas dos diferentes níveis, etc. etc..
À boa maneira portuguesa, esperamos que outros resolvam os problemas, escolham os caminhos, e nos digam o que fazer. Ainda temos um longo caminho a percorrer no envolvimento da maioria das empresas na procura e na implementação de soluções de desenvolvimento.
No CEC - Câmara de Comércio e Indústria do Centro, temos vindo a procurar reforçar a participação das empresas na estratégia regional de desenvolvimento, assumindo o Conselho Consultivo um papel central na monitorização da nossa competitividade regional e na definição de políticas e acções que visem a melhoria das nossas condições económicas.
Tal só é possível porque um número assinalável de empresas já percebeu que a aposta na relação com a sua envolvente, tanto quanto aposta numa estratégia de qualidade e valorização dos seus recursos, com fortes preocupações pelo bem estar das populações onde se inserem, é essencial. Porque, como a Huf, outras empresas perceberam que o seu papel central na criação de riqueza lhes dá uma enorme responsabilidade sobre o desenvolvimento dos territórios.
Além de parceira, a Huf é um bom exemplo que no CEC - Câmara de Comércio e Indústria do Centro repetidamente evidenciamos, como uma empresa que aposta no desenvolvimento, quer ele seja do território, quer dos seus colaboradores, quer, obviamente, da sua capacidade competitiva. É mais um dos casos em que uma estratégia bem desenhada, e uma aposta em colaboradores qualificados, valorizados e produtivos produz um quadro de sucesso e de bem estar que deveria ser seguido pela generalidade das empresas. É também um exemplo de disponibilidade para participar na reflexão sobre causas comuns e na construção de um território mais desenvolvido.
Tal ficou bem demonstrado com o empenho da Huf na reflexão estratégica sobre o nosso futuro, que culminou na aprovação por mais de 1000 empresários do Pacto para a Nova Centralidade, uma referência estratégica até 2015 que esperamos possa ser útil aos decisores políticos.
O nosso futuro está directamente dependente da forma como as nossas empresas intervêm no desenvolvimento do território. É por termos no Centro empresas como a Huf que acredito que seremos capazes de assumir as nossas responsabilidades e afirmar uma nova Centralidade para Portugal.
António Almeida Henriques
Presidente do CEC – Câmara de Comércio e Indústria do Centro
In Revista HUF, 7 de Junho de 2006

terça-feira, 18 de abril de 2006

Prof Reinaldo Cardoso Almeida um ilustre viseense

Com a atribuição do título honorifico de Cavaleiro Comendador da Ordem de S. Gregório Magno, quis a Santa Sé homenagear um dos mais ilustres viseenses dos nossos tempos, o Prof. Reinaldo Cardoso Correia de Almeida.

Ao mesmo tempo que se congratulava com esta distinção, a Assembleia Municipal de Viseu recordava a atribuição da Medalha de Ouro da Cidade concedida em 27 de Maio de 1991 e aprovava por unanimidade uma proposta no sentido de se elaborar uma brochura sobre a vida e obra, com destaque para os momentos mais marcantes da sua vida e testemunhos de diversas individualidades, culminando com a sua apresentação pública e homenagem em cerimónia marcada para o efeito.

Comemorando-se o 32º. Aniversário do 25 de Abril, entendemos ser este o momento mais indicado para homenagear o Homem, o Ilustre Viseense, o Pedagogo, o Politico, o Jornalista, a Pessoa Solidária e de Cultura.

A freguesia da Torredeita, onde recentemente completou 93 anos, e a sua Escola Profissional, pareceram-nos ser os locais adequados a tão grata missão.

Dificilmente encontraremos um Homem tão multifacetado como o Prof. Reinaldo Cardoso, alguém que soube com mestria, saber e dedicação ao próximo, exercer a sua profissão de professor ensinando as crianças e, mais tarde, os futuros professores, dignificar o serviço público como politico ao serviço da autarquia, como homem de cultura que interveio em diversas instituições, como ser solidário sempre em defesa dos mais pobres e desprotegidos e, finalmente, dando também o exemplo como jornalista.

Todas as palavras serão poucas para elogiar o Homem e o seu percurso de Vida, é um exemplo que a todos deverá nortear, que deverá servir de exemplo às novas gerações.

É a este conterrâneo simples, afável, dedicado às diferentes causas que quero, em nome da Assembleia Municipal de Viseu dizer bem alto, Bem Haja pelo seu trabalho, pelo seu percurso, pela sua dedicação, pelo exemplo que tem sido para todos nós.

António Joaquim Almeida Henriques
Presidente da Assembleia Municipal de Viseu

In Assembleia Municipal de Viseu, 18 de Abril de 2006

sexta-feira, 7 de abril de 2006

Teoria do embuste

Foi com enorme expectativa que ouvimos o anúncio do PRACE, Programa de reestruturação da administração central do Estado, com fundamentos com os quais não podíamos estar mais de acordo, modernizar e racionalizar a administração central, melhorar a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos e colocar a administração central mais próxima e dialogante com o cidadão.
Em suma, uma nova organização dos serviços da administração central e desconcentrada e melhoria da qualidade dos serviços.
Quando nos começamos a debruçar sobre os documentos, grandes dúvidas nos assaltam, por uma lado porque tudo leva a crer que foi um anúncio parcelar ! Teria andado melhor o Governo se anunciasse tudo e não cedesse à tentação da mediatização. Uma reforma com esta latitude deveria ter tido uma discussão aprofundada em sede de concertação social.
Para além disto, onde está a análise aprofundada quanto à redefinição das funções do Estado ?
Não seria prudente, quando se ataca este problema definir desde logo o que é que faz quem? O que pode ser objecto de contratualização ?
Também nada encontramos quanto à definição dos processos, isto é, que procedimentos existem hoje que deveriam ser modificados e/ ou banidos ?
Por último, qual a redução efectiva de funcionários públicos e em que timing, bem como um calendário de redução da despesa pública resultante de todos estes factores.
Julgo não ser suficiente olhar para as estruturas, redefini-las e extingui-las.
Senão vejamos, no campo da economia, a que lógica obedece fundir a API com o ICEP? Estamos perante lógicas diferentes, não faz nenhum sentido, quando o investimento é prioridade para o País, seguir uma metodologia ao arrepio da corrente internacional, a criação de uma Agência para o Investimento, foi uma das melhores medidas da área da economia tomadas nos últimos anos; e o que dizer da extinção do ICEP, acabando-se com uma marca que, apesar de tudo, é hoje reconhecido.
E o que dizer dos três balcões, brevemente cinco, abertos pelo IAPMEI em Espanha, que se somam aos do ICEP já existentes ?
Qual a lógica da inclusão do Instituto Nacional da Propriedade Industrial na estrutura do Ministério da Justiça ?
Por último, também como ponto de reflexão, que nesta reestruturação não se perca o que de bom tem a Administração Pública, como por exemplo o Instituto Português da Qualidade, que virá a ser integrado no IAPMEI.
São interrogações como as que explanei que me levam a olhar com algum cepticismo a reforma em curso e a colocar em causa a profundeza dela.
Espero estar enganado a voltar a esta coluna dando a mão à palmatória.

António Almeida Henriques
Presidente do CEC – Câmara de Comércio e Indústria do Centro
In Jornal de Negócios, 7 de Abril de 2006