Almeida Henriques

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

D. António Alves Martins, o Bispo de Viseu

D. António Alves Martins foi uma das individualidades de mais relevo e influência do Séc. XIX, destacando-se como figura notável de homem, bispo, orador, jornalista e político.
A diversidade das situações em que decorre a sua existência torna difícil defini-lo em breves palavras.
Analisemos o político.
Alves Martins entrou para a Ordem de S. Francisco aos dezasseis anos, indo pouco depois para a Universidade e é em Coimbra que inicia a sua actividade como político.
Após a morte de D. João VI, gerou-se um clima tenso, de guerra civil que a todo o momento amea¬çava deflagrar, o príncipe D. Pedro abdica da coroa de Portugal em sua filha D. Maria da Glória e com a regência desta firma-se o princípio da soberania popular, mas os absolutistas não desarmam.
Em Maio, D. Miguel toma o título de rei, iniciando imediatamente uma feroz campanha contra quem não partilhasse as ideias absolutistas.
Com a outorga da Carta Constitucional à nação portuguesa, em 1826, inaugura-se, segundo as palavras do estudante de Teologia, uma das épocas mais notáveis da nossa His¬tória.
Liberal acérrimo, o franciscano revelou-se contra as prepotências absolutistas tendo sido vítima das per¬seguições de D. Miguel e acusado de participar na revolução constitucionalista que se dera no Porto; a 16 de Maio de 1828, foi expulso da Universidade, onde regressou somente em 1834, após o fim da guerra civil. Graduou-se em Teologia em 1837.
Lutador por temperamento, Alves Martins viveu intensa¬mente o período agitado de 1842 a 1846, como opositor ao governo de Costa Cabral, fez parte dos homens da “Regeneração”, que apoiaram o Marechal Saldanha no golpe de estado de 1851, que derrubou o ditador, obrigando-o a fugir para Espanha.
Dirigente do Partido Reformista, foi ministro dos negócios da instrução pública e ministro da justiça e a sua actividade política de Alves Martins manteve-se intensa até Setembro de 1876, quando os chefes dos partidos histórico e reformador chegaram a consenso e formaram o partido “Progressista”, a cuja comissão executiva ficou o Bispo de Viseu a pertencer.
Como remédio mais eficaz para os males da Nação, Alves Martins defendeu a máxima “Justiça e Moralidade”.
A sua vida como político foi uma tentativa de aplicação prática destes princípios.
Arrojado, lutou pela liberdade.
Liberal, conduziu-se com honestidade.
Generoso, evidenciava equidade e integridade moral, no patriotismo e no amor ao próximo.
Em suma, um Homem de que Viseu se deve orgulhar e é de elementar justiça que se comemore o bicentenário do seu nascimento.
Parabéns aos organizadores pela oportunidade da iniciativa.

In Assembelia Municipal de Viseu, 11 de Janeiro de 2008