Almeida Henriques

sábado, 21 de novembro de 2009

Vencer em tempo de crise

São muitas as nossas empresas que se destacam nos mercados externo e interno, muitas delas indiferentes a ciclos e à diminuição da procura, procurando sempre soluções para os obstáculos que se deparam, transformando ameaças em oportunidades, as que constam desta edição especial do Jornal do Centro são um bom exemplo.
Se procurarmos um traço comum para as empresas que conseguem vencer e que ultrapassam as dificuldades é que têm na sua base boas organizações, bem geridas, colocam o enfoque nas Pessoas proporcionando-lhes bom ambiente de trabalho e formação.
Viseu, inserido na nossa Região Centro, com a sua diversidade o ter na sua esmagadora maioria micro e PME tem conseguido contrariar a tendência nacional, teimando em remar contra a maré.
Estas gentes das Beiras estão habituadas às adversidades, nunca baixam os braços, é um traço de carácter que está no código genético, havendo aqui um esforço de modernização nos sectores mais tradicionais, ao mesmo tempo que emergem novos clusters que têm na sua base uma maior base qualificação, inovação e tecnologia.
Estamos num tempo de esforço adicional, importando manter as organizações operacionais, com todas as suas competências, para aproveitar todas as oportunidades que o mercado proporcione e, ao mesmo tempo, controlar custos para conseguir emergir no período pós crise.
Tudo aquilo que se apregoava no período anterior a esta grave situação mantém-se plenamente em vigor, sendo que ainda mais importa ter estruturas flexíveis, dar extrema atenção aos mercados e aos mecanismos de financiamento.
A prova desta capacidade de vencer está patente nestas empresas que se encontram incluídas neste caderno, o traço empreendedor, de não resignação, este é o caminho que é preciso estimular, apoiando as empresas existentes e potenciando a criação de novas.
Os empresários têm que se concentrar e cumprir o seu papel, o Estado tem que fazer o mesmo.
A desburocratização, a promoção de reformas que permitam ter uma justiça célere e credível, os investimentos em infra-estruturas e redes logísticas que diminuam os custos de transportes, aproximando-nos do Centro da Europa e dos outros mercados para os quais exportamos, são medidas fundamentais.
Ao mesmo tempo, o Estado, sendo uma Pessoa de Bem na relação com o empresário, se exige tem que dar o exemplo, isto é, tem que pagar a tempo e horas, tem obrigação de contribuir para uma maior liquidez das empresas promovendo medidas como a extinção do pagamento especial por conta ou alargar o mecanismo da reversão do IVA que já pratica na construção civil e obras públicas, para já não falar da possibilidade de compensação de créditos.
Os Bancos também têm que cumprir o seu papel, com a CGD a dar o exemplo, num apoio às empresas com spreeds compatíveis com os tempos que vivemos, ajudando, não colocando obstáculos.
No domínio das exportações é também preciso apoiar quem tem possibilidades de colocar produtos e serviços noutros mercados, através de mecanismos céleres de aprovação de seguros de crédito à exportação, obviamente com análise de risco, mas numa lógica de Bem Público.
Importa também agilizar e promover complementaridades e uma actuação eficiente das diferentes entidades que promovem as exportações e a entrada noutros mercados, bem como a criação de um fundo de capital de risco que tenha como único objectivo apoiar as empresas que exportam.
Impõe-se que se coloque pragmatismo na acção, as palavras destroem empresas, os actos no momento certo, a acção virada para objectivos concretos, salvam postos de trabalho e organizações.
É preciso apoiar as empresas, a bem de Viseu, do Centro e do País.

António Almeida Henriques
Presidente CEC-CCIC e Vice Presidente CIP
In Jornal do Centro 100 maiores empresas, 21 de Novembro de 2009

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