Infelizmente o nosso tecido empresarial é débil e a crise económica e financeira permanece real e agravada, os poucos indicadores de melhoria não podem ser lidos olhando só para as 831 grandes empresas do País.
De facto só 0,23% das nossas empresas são grandes, a realidade do País são as 354.627 empresas micro, pequenas e médias.
O País real é espelhado pelo facto de 75% das empresas facturarem menos de meio milhão de euros, um tecido empresarial frágil e sensível.
Importa tomar medidas para os que estão na primeira divisão, mas é com as micro e PME que se conseguirá exportar mais, ter mais empresas que apostam na inovação.
É preciso governar para a economia real, todos os dias, a par da Delphi e da Rhode, fecham empresas com 5, com 10, com 30 trabalhadores, duma forma silenciosa, sem primeiras páginas dos jornais, afectando as várias regiões do País, aumentando as assimetrias; algumas delas, infelizmente, têm ocorrido no nosso Distrito.
Muitos destes encerramentos eram evitáveis
Em vez de o Governo eleger como objectivo apoiar 30.000 empresas por ano, duma forma discricionária, mais importante seria implantar medidas que beneficiassem por igual todo o tecido económico.
À cabeça, o Estado pagar a tempo e horas as suas dívidas, é pouco assumir no programa como objectivo os 30 dias no final da legislatura e, ainda por cima, não explica como.
Devia pagar as dívidas, melhorando a tesouraria das empresas, evitando o recurso sistemático à banca para colmatar os atrasos do Estado e instituir um sistema que não permitisse mais atrasos.
O pagamento do IVA com o recibo era outra forma de ajudar a economia, com impacto imediato na tesouraria, bem como a extinção do Pagamento Especial por Conta; muitas empresas estão a adiantar dinheiro de impostos sobre lucros que não vão gerar.
A compensação de créditos era outra medida com impacto real, a criação de uma conta corrente entre o Estado e as empresas.
Medidas transparentes que temos defendido, com impacto imediato na economia.
No sentido da transparência vai a intenção do Governo de publicar on line todos os apoios prestados às PME, só espero que esta medida abranja o capital de risco e a garantia mútua, que se publiquem os apoios e o nome dos administradores nomeados.
Que consigamos perceber, com transparência, situações como a da Aerosoles, em que o estado investiu largos milhões de euros antes do verão e que poucos dias após as eleições já não conseguia pagar salários.
Saber porque há projectos que são apoiados e outros não, que avaliação de risco é feita para que se injectem milhões num projecto e se recuse uma garantia noutro.
Outro aspecto crítico é o acesso ao crédito por parte das empresas que continua muito difícil, asfixiando-as.
Aqui a CGD, detida a 100% pelo Estado, podia ter um papel regulador do mercado através de boas práticas no apoio e na prática de spreeds compatíveis com o mercado.
Outro dos problemas graves das empresas é a gestão e a preparação dos empresários, é fundamental dar formação como se preconiza no programa do Governo, mas mais importante é ensinar a pescar e apoiar.
Em vez de procurar implementar o novo Sistema Contabilístico Nacional de supetão, até 1 de Janeiro de 2010, tarefa que a maioria das empresas não está em condições de cumprir, podia-se ajudar as empresas a efectuarem este investimento, através do QREN, com formação e apoio à gestão, aproveitar a alteração do conceito contabilístico para operar uma alteração de gestão.
Mas isto não se faz como é preconizado no programa de governo, em que diz ir desenvolver a figura do gestor de conta na rede regional do IAPMEI.
No distrito de Viseu daria um ratio de 5.000 empresas por técnico e nos outros não é diferente, mais uma boa intenção sem concretização da forma.
Não sei como o Governo pretende fazer este milagre.
É mais do mesmo igual ao que o Governo fez nos últimos quatro anos, com os resultados desastrosos que estão à vista.
In Noticias de Viseu, 16 de Novembro de 2009
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