Almeida Henriques

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sem estratégia para o País

O País vive um autêntico estado de emergência, mas o Governo não parece perceber, ao longo de 130 páginas do Programa de Governo não se divisa uma estratégia.

O País vive problemas sérios, o desemprego atinge os níveis mais altos dos últimos anos, as empresas debatem-se com graves problemas, os recursos são cada vez mais escassos, um autêntico estado de emergência que implicava uma ordenação de prioridades com os bens escassos que temos.

O Governo mantém teimosamente a orientação em torno de mega projectos sem cuidar de saber o que é prioritário, esbanjando recursos que não temos, hipotecando as gerações futuras.

Diz que quer aumentar a capacidade exportadora mas não resolve problemas essenciais para quem exporta.

Não basta elencar cerca de trinta medidas de apoio à exportação e esquecer o básico, como baixar os custos de transacção, designadamente dos transportes, para valorizar as nossas exportações, a isto nada diz.

O que precisamos é de boas ligações ferroviárias à Europa, com custos competitivos, para exportarmos as nossas mercadorias, que obviamente não se conseguem com o TGV.

Fala de infra estruturas portuárias, rede de estradas, aeroportos, mas não atribui importância aos interfaces urbanos, industriais, ferroviários, onde está a prioridade, avião com comboio, portos com estradas? Não se percebe.

Impunha-se uma reavaliação das prioridades que o Governo, teimosamente, não faz.

As empresas precisam dos seguros de crédito à exportação como de pão para a boca, é hoje um típico bem público, obviamente que é preciso medir o risco, mas ao mesmo tempo assegurar que as empresas não deixam de exportar por falta deste instrumento, tal não encontra resposta no programa.

Apresenta uma lista de medidas, quando se deveria focalizar num fundo de capital de risco bem dotado, com muitos milhões, que permitisse às empresas investirem na sua capacidade exportadora e trazer muitas mais para este objectivo fundamental.

Para que servem as 14 Lojas da Exportação espalhadas pelo País que se propõe criar? Mais uma medida de cosmética, cara e sem efeitos práticos.

As competências existem, há que aproveitar o que existe actuando em rede.

O Governo não apresenta soluções de fundo e, ao mesmo tempo, não percebe os sinais da sociedade, as recomendações dos parceiros sociais.

A crise económica e financeira permanece real e agravada, os poucos indicadores de melhoria não podem ser lidos olhando só para as 831 grandes empresas do País.

A realidade do País são as 354.627 empresas micro, pequenas e médias e devia ser para estas que devia governar, apostando na melhoria da sua liquidez e num conjunto de medidas que temos preconizado como pagar a tempo e horas, extinguir o Pagamento Especial por Conta, adoptar o IVA com recibo, permitir a compensação de créditos.

É preciso governar para a economia real e permitir que o tecido empresarial se fortaleça, não é esse caminho que encontramos neste Programa do Governo.

In Noticias deViseu, 09 de Novembro de 2009

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