Almeida Henriques

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ajude-se a economia, mas na hora!

Muito tenho escrito e lutado pelos pequenos comerciantes, industriais e agricultores que travam uma luta difícil para manter as suas actividades e assegurar o “ganha-pão”, ser empresário não é fácil, sobretudo numa conjuntura como a que vivemos.
Ao mesmo tempo, todos os dias assistimos a um conjunto de iniciativas e eventos promovidos pelo Governo ou por instituições por ele dominadas como, por exemplo, a semana europeia das PME.
Não está em causa o mérito destas iniciativas, se não fosse o facto de as práticas contrariarem o discurso.
Veja-se a questão das dificuldades de acesso ao crédito por parte das empresas e dos empresários em nome individual, os bancos aplicam os seus recursos disponíveis nas operações que lhes parecem ter menos risco, praticam spreads incomportáveis para a generalidade dos negócios e lá vão aprovando operações com avales, hipotecas e garantias do sistema de garantia mútuo.
No fundo, as Linhas PME INVEST, são uma construção que combina as disponibilidades de fundos da banca, com a constituição de garantias através do Sistema de Garantia Mútua e bonificação da taxa de juro suportada pelo Orçamento do Estado.
A última lançada, de nome PME INVESTE V, era de 750 milhões de euros com promessa de poder crescer até 2.000 milhões em caso de necessidade.
Não discuto se a linha foi esgotada ou suspensa, coloco em causa a oportunidade de deixar o mercado sem alternativas; apesar das críticas que faço a este instrumento, que não assegura capitais “frescos” às empresas e afasta a esmagadora maioria das empresas e a totalidade dos profissionais liberais ou trabalhadores por conta própria, era o único instrumento que ajudava a contrariar a ausência de concessão de crédito por parte da Banca.
O mínimo que exigiríamos aos nossos governantes era que não tivessem deixado “esgotar” a linha e a tivessem reforçado a tempo e horas.
O que vai acontecer às operações que estavam em análise, com esta suspensão, quando se voltará à normalidade?
O senhor Secretário de Estado disse que contava ter este assunto resolvido dentro de quinze dias, mesmo que seja verdade, publicar, entrar em vigor, etc., etc., só lá para o pico do Verão se normalizará a situação.
Pergunto, quantas empresas não sucumbirão até lá por falta de renovação de créditos ou ausência de novas aprovações?
Esta actuação só tem um nome, incompetência, incapacidade para pro-agir e antecipar os problemas.
Denuncio a situação mas ela já não é nova, já muitas empresas fecharam face à atitude do Governo, na forma como paga tarde e más horas ou quando não permite compensação de créditos quando existem dívidas ao Estado.
Sobre esta matéria do crédito às empresas efectuei várias questões ao Governo esta semana, aguardarei pelas respostas.

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