Não está em causa se esgotou a linha ou se foi simplesmente suspensa, o sinal é que não podia ser pior, o crédito está cada vez mais caro, com spreads que já ultrapassam os 5%, o acesso é muito difícil e, os próprios bancos, canalizam os escassos recursos disponíveis para operações de menor risco.
Moral da história, são os pequenos comerciantes, os industriais e os agricultores que vêm esgotar-se a última oportunidade que teriam de aceder a uma linha de crédito que, além da bonificação do juro, tem a garantia mútua a “sossegar” a Banca em caso de incumprimento.
É do conhecimento público que existiam inúmeras situações em análise nos balcões dos bancos aderentes e que o anúncio do Governo, quando apresentou a linha de 750 Milhões de euros, era a da disponibilidade para ir até 2.000 milhões de euros.
De facto, o Governo porta-se mais uma vez mal com as empresas, devia ter acautelado esta situação, ter negociado com a banca atempadamente para que não houvesse qualquer hiato de tempo neste instrumento de apoio.
Sempre critiquei as linhas PME INVESTE por não conterem uma cláusula que obrigasse a Banca a oferecer linhas de crédito novas, têm servido, sobretudo, para a consolidação de créditos para além de fazer exigências contabilísticas e de inexistência de dívidas ao fisco (situação já consagrada na última linha), incompatíveis com a generalidade das empresas portuguesas.
Mas, apesar de tudo, é um bom produto porque formata a oferta de fundos com garantia mútua e bonificação da taxa de juro, para além de exigir um esforço pequeno ao Orçamento do Estado.
Assim, espero que o Governo rapidamente desbloqueie esta linha, direccionando-a para a consolidação de créditos e financiamentos novos, sob pena de a maior parte das micro e PME portuguesas não conseguirem aceder ao crédito nos próximos dias, com consequências gravosas.
Relembro também o anúncio de 2,2 milhões de euros do Plano Anti-Crise, denominado Iniciativas para o Investimento e Emprego, com cinco linhas, que entretanto foi suspenso sem que o Governo tivesse efectuado qualquer balanço da sua execução e impactos directos na economia.
A situação económica do País obriga a uma actuação célere e em cima dos acontecimentos, é preciso dar resposta às empresas e prestar contas do que se anuncia.
Comemorar a Semana das PME implica mais acção e menos show off.
In Jornal de Negócios, 15 de Junho de 20101
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