Almeida Henriques

domingo, 6 de junho de 2010

Ética e Cortesia

Há cerca de vinte e cinco anos que estou ligado à vida pública, como Adjunto do Ministro da Juventude, Presidente da AIRV e do CEC, diferentes funções politico partidárias e, mais recentemente, como Deputado e Presidente da Assembleia Municipal de Viseu. Entendo que na política não vale tudo, temos que ter uma conduta que seja exemplar para os nossos concidadãos e, no combate político, temos que pautar a nossa actuação por regras de cortesia e civilidade.
Em cada dia, procuro efectuar um exame de consciência e dormir tranquilo, com a convicção que dei o melhor de mim, com honestidade e não pondo em causa os mais elementares valores que tenho colocado ao serviço do bem público, procurando dar um bom exemplo aos meus filhos.
Entendo que, quem deixar de ter a noção do que é serviço público, deve afastar-se da vida política pois está a um passo de cometer graves erros e não cumprir a função mais nobre de um político, servir o País e aqueles que em si confiam.
Não sou dos que acha que nunca se engana ou raramente tem dúvidas, vivo com as minhas angústias, com as minhas dúvidas, constantemente efectuo juízos de valor e sou muito exigente comigo próprio.
Em momento algum, no meu percurso público, fui mal-educado ou descortês com quem tem opinião diferente da minha ou é adversário no combate político, muitas vezes tive vontade, mas travei às quatro rodas mantendo a compostura e forma de estar na vida.
Confesso que fiquei muito incomodado com a linguagem do Partido Socialista face à minha Pessoa, quando no final de uma visita com os meus colegas Deputados do PSD, criticávamos a instrumentalização que os socialistas estão a desenvolver das funções públicas no nosso Distrito, falei em nome de todos e sem efectuar qualquer ataque pessoal.
Já me tinha esquecido de um episódio muito parecido, em 2006, em que fui apelidado, juntamente com outro colega Deputado do PSD, de “mentiroso e mau carácter” pelo facto de ter desmentido uma acusação efectuada a uma Pessoa que tinha sido responsável pelo Hospital de Viseu, a quem quiseram imputar um passivo enorme na sua gestão.
Fiz por esquecer e, agora, ao acontecer episódio idêntico, fui relembrar as palavras proferidas aos microfones de uma rádio, guardo a gravação e, por me ter marcado, nunca a apaguei.
Estranhei, também, o destaque que este jornal deu ao ataque pessoal, com chamada de primeira página e noticia na contracapa, um título que induzia o leitor em erro, várias foram as pessoas que me demonstraram desagrado pela forma como a notícia e a posição do PS estavam tratadas.
Não querendo alinhar pelo mesmo diapasão das palavras grosseiras e ofensivas, respondi com um artigo e espero saber quem foi o autor de tão antipático texto para passar a ignorar tão torpe pessoa.
De facto, na política não vale tudo, também eu já ouvi argumentos de que não gostei, mas nunca reagi com ataques pessoais ou ofensivos, seja de quem for.
O combate político pode ser duro, mas não deve passar as fronteiras da cortesia e boa educação.
Pela minha parte não gosto e, pelas reacções que tive, mesmo de Pessoas do Partido Socialista, que me manifestaram distanciamento das palavras proferidas, os cidadãos não gostam de ver os seus representantes a trocarem “piropos” desta índole.
Enquanto Homem com responsabilidades públicas respeito todas as Pessoas, exijo o mesmo tratamento.
In Diário  de Viseu, 02 de Junho de 2010

1 comentário:

  1. Como constatará, na sua vida quotidiana, não existe um Partido Socialista. Existem Partidos Socialistas. Nuances que, em determinadas circunstâncias com, digamos, as condições ambientais mais favoráveis, emergem e se tornam preponderantes.
    Actualmente temos um Partido Socialista, na crista da onda, em que impera a lógica do princípio da inveja, da maledicência, do nepotismo e da raiva indisfarçada pelo não-socialista.
    É a lógica do quem não está comigo é contra mim, num extremismo nunca visto, lido ou ouvido.
    O país, para este Partido Socialista, assemelha-se a uma ilusão (ou ficção).
    A maioria relativa com que os portugueses tiveram, democraticamente, a liberdade de lhes outorgar um mandato governativo, vai-se esvaindo em queixumes e lamentos, rangidos de dentes e clamores ao vento.
    Sabem que estão de partida. E que a história já os substituiu.
    Como sub-corrente culturalmente desafiada do socialismo nunca cultivou, com o necessário desvelo, a planta da democracia.
    Por isso faz o que fazem todas as autocracias do mundo quando pressentem o seu final: escoiceia!

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