Almeida Henriques

segunda-feira, 22 de março de 2010

Retribuir a nossa solidariedade

No jantar de sexta-feira com Pedro Passos Coelho, para além da enorme adesão que juntou 1.200 pessoas, numa acção de campanha interna do PSD, o candidato só falou para o País, envolvendo todos os presentes, num discurso realista, arrebatador e ao mesmo tempo de esperança para o futuro.
Sob o lema Mudar, com um diagnóstico sério, por conseguinte pouco risonho da economia portuguesa, não deixou de apontar rumos que passam pela diminuição do peso do Estado na economia do País, deixar que as instituições, sejam privadas sob a forma societária ou associações, desenvolvam duma forma mais eficiente algumas das funções que não tem que ser o Estado a prosseguir.
O Estado tem que ser eficiente, há funções que tem de desempenhar, mas existem outras que serão melhor desempenhadas, se contratualizadas, designadamente no domínio da solidariedade social.
Esta situação tive eu oportunidade de verificar nas comemorações dos 75 anos da Casa do Povo de Abraveses, uma Instituição Particular de Solidariedade Social que actua como creche, tem valências no rendimento social de inserção e na vertente da violência doméstica, entre outras.
Vem dar razão ao princípio de que a contratualização por parte do Estado, com instituições credíveis como esta, permitirá uma relação de maior proximidade com as Famílias, com as Pessoas, o dinheiro público é melhor aplicado e o resultado atingido será muito mais eficaz.
Como tive oportunidade de dizer na sessão comemorativa hoje, mais do que nunca, temos que ter uma lógica de responsabilidade social, cada cidadão tem um papel fundamental para ajudar o País a sair do lodaçal em que se encontra, no cumprimentos das suas tarefas na profissão que tem, mas também através da sua solidariedade, ajudar os mais carenciados, idosos, doentes, desempregados, pessoas atingidas por situações de pobreza.
Os recursos são cada vez mais escassos, a lógica de voluntariado e de ocupação do tempo livre em prol dos outros, é o caminho, esta instituição é disso um excelente exemplo.
Mas já não concordo com a mensagem de Estado Providencial que o representante do Governo quis fazer passar, dizendo que quando o Governo precisou, a instituição estava lá, nos diferentes domínios em que tem contratos.
Quem precisa são as Pessoas, a forma de chegar a elas não deve estar excessivamente parametrizada, há que deixar espaço à livre criatividade, cada instituição, dentro de grandes linhas definidas deve ter liberdade de acção.
Os responsáveis políticos, pois cada vez mais estes lugares de decisão têm Comissários Políticos, não podem pretender instrumentalizar as instituições, infelizmente é o que temos assistido duma forma concertada entre os diferentes agentes que o PS coloca um pouco por todo o lado na administração desconcentrada.
Este é um mau caminho que não ajuda nada.
O exercício do poder política é efémero, hoje no poder, amanhã na oposição, o trabalho dos diferentes níveis da administração do Estado não devia estar tão partidarizado, como foi notório nesta sessão pública.
Mas, ao sabor da escrita desviei-me do meu objectivo principal, transmitir uma ideia com muita força defendida por Pedro Passos Coelho.
De facto, o Estado deve ser solidário para com os cidadãos que se vêm na situação de desemprego e num estado de pobreza mas, estes nossos cidadãos também têm o dever de retribuir a essa mesma sociedade, em trabalho cívico nas IPSS, nas Juntas de Freguesia, nas Escolas, em suma, junto de quem precisa.
Estou certo que se sentirão mais realizados aos retribuir, a proximidade ao mercado criará oportunidades de emprego, a sociedade ganhará como um todo e estes nossos concidadãos sentirão que estão a retribuir a solidariedade que a sociedade lhes presta, num momento de necessidade.
É com ideias mobilizadoras como esta que se podem criar redes de acção, colocar os portugueses a remar no mesmo sentido, sair duma lógica de caridade para um novo paradigma de responsabilidade social, de retribuição à sociedade pelo bem que esta presta.
In Noticias de Viseu, 24 de Março de 2010

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