Almeida Henriques

sexta-feira, 5 de março de 2010

Desemprego

Fomos confrontados recentemente com a taxa de desemprego a dois dígitos, já expectável, mas que é sempre matéria de elevada preocupação, especialmente quando assume relevo (superior a 50%) o desemprego de longa duração – procura de emprego há mais de 12 ou mais meses – e a clara não absorção dos nossos licenciados pela estrutura produtiva nacional, num evidente desajuste entre a oferta e a procura, como demonstram os indicadores do Instituto Nacional de Estatística.

O quarto trimestre de 2009 encerrou, segundo o INE, com uma taxa média trimestral de 10,1%, valor que não se registava desde o início da década de oitenta. Números mais recentes assumem já 10,5%.

Se atentarmos nas faixas etárias, assume especial apreensão o desemprego nas camadas mais jovens, com cerca de 100 mil desempregados entre os 15 e 24 anos e 157 mil na faixa dos 25-34 anos.

Esta circunstância estará, certamente, também na base do novo abandono de muito do nosso capital humano para o estrangeiro, nos seus diversos níveis de qualificação, com valores que se não registavam igualmente há muitos anos. Voltámos a não ter capacidade para reter os nossos recursos humanos, décadas depois da massiva saída de portugueses em busca de melhores oportunidades de vida no estrangeiro.

Regionalmente a maior taxa média anual de desemprego foi observada no Norte (11,0%), com 58,1 mil desempregados, seguindo-se o Alentejo (10,5%), o Algarve (10,3%) e a região de Lisboa (9,8%). O Centro registou 6,9%.

Se a crise e a alteração na nossa estrutura produtiva estão, sem dúvida, na base destes níveis actuais de desemprego, cabe-nos também reflectir quanto à eficácia das politicas públicas no combate a este flagelo, questionar uma direcção das medidas das mesmas mais vocacionadas para o curto prazo e assistencialismo e menos para o estimulo ao empreendedorismo.

In Jornal do Centro

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