Almeida Henriques

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Vemo-nos Gregos


Défice, dívida pública, dívida externa, má avaliação da performance da nossa economia pelas agências de rating, taxa histórica de desemprego, níveis de saída de portugueses, qualificados e indiferenciados, para trabalhar no estrangeiro em números similares aos da década de sessenta, são alguns dos temas que têm ocupado os vários debates nacionais nas últimas semanas.
Explicações técnicas sobre o orçamento de estado, produtividade, competitividade, teses que defendem a necessidade de aumento de impostos ou descida de salários contribuem para aumentar a apreensão dos trabalhadores e empresários, aos quais se demanda, a par de tudo isto, confiança e optimismo, mesmo quando comparam a nossa economia com a grega.
Neste panorama ouve-se já defender a intervenção de instâncias internacionais, como o FMI ou delegações da União Europeia, para que consigamos por as contas em ordem, dar conta do recado!!
Para além das hipérboles e dos contextos políticos, certo é que todos os portugueses sentem no seu dia a dia as dificuldades que estão na base de todos os discursos e são forçados a alguma frustração por ver que anos de sacrifício nos conduziram a uma situação pior.
Parece ser um facto que para além da conjuntura, nos vemos gregos para resolver os problemas estruturais que nos ensombram a competitividade e a convergência com os países mais desenvolvidos.
De um mar de rosas, helénico, eis-nos de volta ao revolto atlântico, mais profundo, ameaçador, que foi já também o nosso caminho das Índias.
Entre gregos e troianos em que ficamos?
Numa nova demanda, colectiva, que teremos que ser capazes de superar e vencer, acreditando sobretudo em nós e nas provas que já demos.
Acreditando que seremos de novo capazes de passar o Bojador.

António Almeida Henriques
Presidente do CEC/CCIC

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