Almeida Henriques

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Reivindicar o curso de Medicina para Viseu

Na nossa terra, a última semana fica marcada pelas declarações do Presidente do Conselho de Administração do Hospital de S. Teotónio de Viseu, defendendo a criação de um curso de Medicina no Concelho, não colocando de parte que este seja oferecido por um estabelecimento de ensino superior que não seja público.

De facto, há muitos anos que o nosso Hospital se tem vindo a preparar para isso, digeriu com dificuldade o termos sido preteridos pelo Governo de António Guterres bem como as duas vezes em que o Governo Sócrates preferiu Faro e Aveiro para colocar Faculdades de Medicina.

É também um facto que, no dia-a-dia, já dá estágios a jovens oriundos do curso de Medicina do Instituto Piaget de Angola e que vai dar apoio ao curso de medicina de Aveiro.

O Instituto Piaget aguarda há anos a aprovação da Faculdade de Medicina, tem instalações prontas e algumas equipadas, mesmo que o Governo não dê importância a este projecto, a verdade é que já demonstraram know-how noutras áreas e também nesta.

Ao mesmo tempo, a Universidade Católica tem um prestigiado curso de Medicina Dentária, os primeiros anos são comuns, aliás, na fundação deste curso a expectativa era que evoluísse para Faculdade de Medicina.

A Escola Superior de Saúde está “paredes meias” com a Católica, tem prestigio, está há alguns anos à espera da homologação de novos cursos.

Não faltam, pois, argumentos que sustentem a reivindicação do Dr. Alexandre Ribeiro, tem todo o nosso apoio.

Pena que a sua intervenção não tenha sido secundada pelo Sr. Secretário de Estado do Poder Local, que se limitou a dizer que é “uma boa ambição” sublinhando que é “preciso valorizar aquilo que já existe”.

Não está em causa a valorização do que já existe, mas era um bom momento para fazer valer a sua condição de governante oriundo de Viseu e fazer “coro” e “lobby” em torno desta ambição.

E que dizer do Sr. Governador Civil, sempre “mudo” em tudo o que pode ser estruturante para Viseu, aparece em todas as fotografias mas não acrescenta nada.

De facto, para que serva a dispendiosa estrutura do Governo Civil, com chefe de gabinete, adjuntos e secretárias? Para fazer as honras da casa quando os governantes nos visitam, servindo de “dama de companhia”? Para prosseguir uma estratégia de campanha permanente do Governo no Distrito e ajudar a consolidar o “poder socialista” nas autarquias recentemente conquistadas?

O que temos visto é uma continuada e inconsequente jornada de propaganda pelos municípios socialistas, um branqueamento do “desastroso” resultado autárquico “premiado” com a nomeação governamental, comportando-se como de um vitorioso e legitimado pelo voto popular se tratasse.

Dar utilidade ao cargo seria cerrar fileiras em torno de reivindicações estruturantes para o Distrito, como o curso de medicina, ou fazendo “pressão” junto do Ministro do Ensino Superior para dar resposta à carta da Assembleia Municipal do Inicio de Janeiro, ainda sem resposta.

Para relações públicas e estrutura de acolhimento aos governantes, bastam os municípios que faziam muito bem esse papel.

Espero que esta crónica tenha o efeito de fazer despertar consciências e que vejamos as várias entidades que têm “poder”, usá-lo para fazer coro com a justa reivindicação deixada pelo Sr. Presidente do Conselho de Administração do Hospital de S. Teotónio de Viseu.

1 comentário:

  1. Confesso que aguardava já há algum tempo pela possibilidade de introduzir comentários dos leitores neste blogue. Devo dizer que sou leitor assíduo do mesmo (assim como da larga maioria dos blogues da cidade) e nunca dei o meu tempo como perdido.

    Orgulho-me de ser Viseense e acompanho com enorme interesse todos os aspectos sobre a Cidade de Viseu. Como eleitor, cumpro o simultâneo dever e direito de seguir a actividade dos Políticos eleitos pelo Distrito de Viseu e considero o Dr. Almeida Henriques um exemplo a seguir. Na verdade, na cada vez menos prestigiante classe Política, há felizmente excepções e o Dr. Almeida Henriques é uma delas. Com a sua determinação e rara vontade de passar das palavras aos actos, qualquer intervenção que faça na Assembleia da República deve deixar corados os Políticos da região que sendo da mesma cor do Partido que governa, são inexplicavelmente (e infelizmente) mudos nos aspectos importantes para o Distrito. Após uma campanha autárquica marcada pela hipocrisia, esperava bem mais do Dr. Ginestal como Governador Civil. Acho que este cargo cai facilmente no esquecimento dos Eleitores porque infelizmente quem lá está tem sempre um papel muito pouco activo nas aspirações da região.

    Olhando para a Cidade de Viseu, qualquer pessoa a considera um case-study. Uma autêntica ilha no cada vez mais esquecido interior. Num país onde parece que se tem orgulho em ter um litoral desenvolvido e um fosse ENORME para o interior, Viseu é um exemplo a seguir. Perante o sistemático esquecimento do Administração Central, Viseu conseguiu desenvolver-se e muito o deve às suas iniciativas locais. Felizmente para nós, Viseenses, há quem consiga passar das palavras aos actos mesmo após os sucessivos "chumbos" do Governo Central.

    Para mim, neste momento há três projectos que beneficiaram muito toda a região de Viseu.

    a) a Auto-Estrada entre Viseu e Coimbra
    b) Ligação Ferroviária
    c) Universidade

    a) Qualquer pessoa que siga atentamente este dossier deve ficar pasmado por sucessivos avanços e recuos nesta matéria. Sendo o IP3 uma estrada a todo o nível perigosa (traçado, má sinalização, acumulação de água nos dias de chuva) quantas mais pessoas terão de perder a vida para que haja um efectivo avanço nesta matéria? Para quando uma ligação rodoviária que possibilite um acesso mais seguro e mais rápido ao litoral?

    b) A ligação ferroviária tem sido amplamente discutida e infelizmente é outro assunto que não avança. Muito se fala na ligação de Portugal ao TGV mas no meio de tanta ideia palaciana porque não melhorar as ligações ferroviárias no nosso país? Como se pode admitir que haja duas capitais de distrito (Viseu e Bragança) sem um único km de via férrea? De promessas já estamos fartos. Será necessário aguardar até 2020 para a ligação Aveiro-Salamanca para Viseu recuperar o comboio que perdeu em 1990? E se essa ligação não avançar, quais serão as consequências? O comboio para além de ser um meio de transporte célere para passageiros, também tem impacto na indústria. Viseu teria muito a ganhar e causaria com toda a certeza impacto na indústria local. Por que razão não se olha para o exemplos dos outros países? Qualquer região industrial só tem sucesso se for bem servida em termos ferroviários. Haverá um meio de transporte mais eficaz e económico para transporte de bens? Para além disto há obviamente que somar os benefícios ambientais do mesmo. Até quando o impasse nesta matéria?

    (CONTINUA...)

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