Almeida Henriques

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Uma (nova) missão


Défice, dívida externa, taxa histórica de desemprego, níveis de saída de portugueses, qualificados e indiferenciados, para trabalhar no estrangeiro em números similares aos da década de sessenta, são alguns dos temas que têm ocupado os debates nacionais e que ensombram a nossa entrada no ainda novo ano de 2010.
Explicações técnicas sobre o orçamento de estado, produtividade, competitividade, teses que defendem a necessidade de aumento de impostos ou descida de salários contribuem, certamente, para aumentar a apreensão dos trabalhadores e empresários, aos quais se demanda, a par de tudo isto, confiança e optimismo.
Todos os povos têm a sua história, o seu passado, que tanto nos pode ajudar a compreender e empreender o futuro.
Nos momentos mais difíceis fomos capazes de contornar graves problemas sociais e económicos, desafios que ainda hoje nos espantam, que fomos forçados a enfrentar, seja no passado mais recente, seja pela acertada e planeada primeira globalização que trouxemos ao nosso país e ao mundo, indo para além do Bojador e alcançando as Índias.
Já demos, por isso, largas provas do que somos capazes de acreditar e de confiar quase ao ponto da utopia. Não receiem os opinadores e governantes que baixemos os braços ou que sejamos vencidos pelo pessimismo.
Contudo, nem só de sentimentos vive a economia e a vontade de um povo.
Uma clara missão, estratégia, organização, planeamento são factores que podemos encontrar nesses momentos da história que nos orgulham.
Se queremos que esse orgulho se mantenha para as gerações vindouras, temos de iniciar já essa reflexão profunda. Que missão devemos prosseguir, qual a estratégia que temos, que plano de acção devemos, colectivamente, implementar?
É este importante debate, impossível de adiar, que devemos promover, a par de uma vontade tenaz de sanar rápida e profundamente os problemas estruturais que, atenuada que vai sendo a crise internacional, vêm ao cimo da nossa realidade, como que a comprovar que ainda não alcançámos o pleno nas matérias da educação, da justiça, da saúde, reformas que são cada vez mais exigíveis à medida que também passam à história os factores que sempre se invocam como suas causas.
Para grandes males, grandes remédios. Se a situação é difícil, metamos todos mãos à obra para a resolver já. Confiem as elites nos cidadãos e nos nossos empresários, ouçam-nos, trabalhem com eles, ao invés de apelar apenas a uma etérea esperança que não traz tecnologia, inovação, exportações ou emprego.
Presidente do CEC/CCIC
In Jornal do Centro

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