Almeida Henriques

quinta-feira, 7 de maio de 2009

China, as respostas à crise

Há quatro anos atrás, visitei pela primeira vez a China, pelo que nesta visita de trabalho que estou a efectuar, estava curioso para ver a evolução e o impacto da crise no País.

Recordo-me de escrever sobre o espírito deste povo, a pujança da economia e a capacidade criadora que permitiu ver, em cerca de 10 dias de visita quatro territórios pujantes , Pequim, Xi-An, Cantão e Hong Kong, aterrar em quatro aeroportos com menos de cinco anos e uma rede de auto estradas capaz de fazer inveja aos europeus.

Nesta altura, ano de 2004, a economia crescia ao ritmo de 12% ao ano, situação que se manteve entre 2000 e 2008, a China apostava no mercado interno, nas exportações, na captação de investimento, tirava partido do crescimento do mundo e preparava a organização dos Jogos Olímpicos 2008.

A era de Hu Jintao conduziu a China ao patamar que ocupa hoje:

O País mais populoso do mundo (1.300 milhões) com 48 cidades com mais de um milhão de habitantes que já é a segunda economia do mundo em ppp ( 84ª no produto per capita ) e o segundo maior investidor em inovação, cerca de 140 biliões de dólares anuais.

Com a crise internacional, são sobretudo as províncias mais industrializadas e dependentes das exportações que sofrem, calcula-se que se perderam mais de 20 milhões de postos de trabalho, sobretudo de migrantes rurais, os tais que abandonaram a terra e foram à procura de melhores condições, saindo do limiar da pobreza, um grave problema novo que a crise trouxe ao País.

Só no quarto trimestre de 2008 o decréscimo das exportações foi da ordem dos 30% e o primeiro de 2009 manteve a mesma tendência.

Não percebia como os responsáveis continuam a perspectivar um crescimento de 8% para este ano.

Foi-me explicado que tinham adoptado um pacote de medidas anti crise, só que todos os apoios se dirigiram para a economia real, pois o sistema financeiro estava forte e não houve necessidade de lhe injectar dinheiro.

Este plano direccionou 4.000 milhões de dólares para investimento de proximidade, redução de impostos em produtos de consumo como imobiliário e sector automóvel (no 1º. trimestre venderam-se dois milhões e setecentos mil veículos novos), criação de um conjunto de medidas de estimulo à criação de emprego e algumas medidas para as populações de mais baixo rendimento e incremento do turismo interno.

Os resultados estão à vista, a China sente muito menos a crise que o resto do mundo, reage à diminuição da procura externa estimulando a procura interna.

Obviamente que estamos para ver como reage à pressão do regresso dos desempregados ao mundo rural, como se comportará a sociedade que se habituou a viver de acordo com certos padrões e a tirar 40 milhões de pessoas por ano do estado de pobreza, o grande desafio para a China é como irá conciliar o desenvolvimento económico e estabilidade social e o crescimento das assimetrias regionais.

Apesar de todos estes constrangimentos para já, aparentemente, está a ganhar mais esta batalha, em desfavor do ocidente, num período de crise continua a crescer… 8% ao ano.

Temos de colocar aqui os olhos e aproveitar o potencial de aproximação das duas economias, aproveitar o momento politico que é a comemoração dos 30 anos de restabelecimento diplomático e de 10 anos da transferência de soberania de Macau.

Esta missão parlamentar prova que há um caminho a seguir pelo governo e pela economia, a tal real, das empresas com o apoio do Governo.

In Diário de Viseu, 07 de Maio de 2009

Sem comentários:

Enviar um comentário