Almeida Henriques

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A China de Confúcio




Quatro anos depois, regressei à China numa visita de trabalho, procurando diferenças e verificando os progressos desde 2004.

No percurso para o hotel, a cidade estaleiro de Pequim tinha dado lugar a uma nova urbe com 16 milhões de pessoas, mais harmoniosa, um tráfego mais fluido, muitas zonas verdes e árvores e jardins, dando um aspecto mais cosmopolita e saudável, um ar menos carregado do que tinha sentido.

As obras emblemáticas lá estavam, a cidade olímpica com o célebre “ninho”, o estádio que serviu de palco às magnificas abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de Pequim, o espaço onde Phelps cilindrou vários recordes olímpicos e mundiais, toda a capacidade de concretização deste povo com mais de 4.000 anos de história, que foi capaz de construir a muralha da China, o único monumento visível do espaço.

Este Povo que tem como referência e filosofia de vida um personagem que viveu há mais de 2.500 anos, Confúcio, e que parece querer ressuscitá-lo e “vendê-lo” ao mundo.

De facto, através da Professora Yu Dan, Confúcio é hoje cada vez mais popular na China e no mundo, esta estudiosa e excelente comunicadora alimenta um programa semanal de grande audiência na televisão sobre este pensador e já vendeu mais de 20 milhões de exemplares do seus livros sobre o confucionismo.

Sustenta que Confúcio, que colocava a mãe no centro da família, está mais actual do que nunca, defende que as qualidades para uma pessoa ser bem sucedida neste mundo de hoje, são as que Confúcio defendeu, a simpatia (ajudar as pessoas para estabelecerem uma cadeia, as redes da actualidade), a sabedoria (ajuda as pessoas a desenvolverem-se) e a bravura (arrojo para fazer, a coragem para se abalançarem).

Valoriza, como Confúcio, os valores da Modéstia e da Tolerância.

De facto, dito assim, e se extrapolarmos para a economia, descortinamos a capacidade comercial na simpatia, a aposta na inovação na sabedoria e a capacidade empreendedora na bravura, condições fundamentais para o sucesso da economia chinesa.

Será que estamos perante uma China desenvolvida que se vira cada vez mais para o Confucionismo? Afinal de contas o pensamento mais longínquo do budismo que só aparece nos anos 200 aC.

A China pragmática que convive muito bem com um pensamento milenar.

Poderemos entender melhor este pensamento dentro de poucos meses, quando estes livros forem traduzidos e lançados em português e tivermos a visita desta professora universitária cujo nome devemos fixar, Yu Dan.

Como curiosidade da importância que o Português ganha para o mundo, a CCTV, a televisão estatal da China, programa avançar com um canal com emissão na nossa língua no ano 2010, depois de ter efectuado a abertura em espanhol e inglês.

É esta a China que responde à crise internacional com o seu sistema financeiro sólido e que prevê crescer, mesmo assim, 8% este ano.

É esta China de Confúcio que devemos aproveitar no ano em que comemoramos 30 anos de restabelecimento diplomático com Portugal e 10 anos de transferência de poderes de Macau.

A China de Confúcio continua a ser uma oportunidade para os portugueses, desde os primeiros contactos no século XVI.

In Noticias de Viseu, 07 de Maio de 2009

Sem comentários:

Enviar um comentário