Almeida Henriques

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Boys

O exercício do poder é legitimo e quem tem a confiança dos eleitores deve faze-lo, mas sempre no estrito respeito da separação das realidades que são os partidos e o Estado e nunca perdendo de vista o bem público e a perspectiva de serviço à comunidade.

Em fim de mandato e quatro anos e meio depois de ter alcançado a maioria absoluta, o PS confunde constantemente o interesse partidário com a máquina do estado, são inúmeros os casos.

Veja-se a situação do lançamento do Magalhães há dois anos em que usou figurantes e não alunos verdadeiros, numa visita de Sócrates a uma Escola, veja-se agora a utilização abusiva de crianças de uma escola do Alentejo para um anúncio ou tempo de antena do PS.

É uma constante a pressão do governo sobre os jornalistas e instituições para que passe a “verdade oficial”, vivendo-se uma situação que já foi, justamente, apelidada de “asfixia democrática”.

No domínio da economia, são já socialistas como Henrique Neto que denunciam a situação das “empresas do regime”.

Ainda há dias alertei para uma situação de nomeação de pessoas da confiança de Manuel Pinho para a gestão de empresas privadas em que o Estado, através do capital de risco, coloca dinheiro, uma situação legítima, dirão, mas do ponto de vista ético duvidosa; numa das empresas o administrador nomeado, além de amigo do Ministro, é também marido de uma das administradoras que o nomeia; há quase um Mês que aguardo resposta.

Ao nível do Distrito, vive-se a mesma realidade asfixiante, quem se der ao trabalho de ir a um hotel da nossa cidade à segunda feira verifica “in loco” o exercício do poder socialista com os diferentes boys nomeados para os lugares a concertarem actuações e a receberem instruções da liderança distrital.

Os resultados estão á vista e são, no mínimo, indecorosos.

Há poucos meses foram as candidaturas ao QREN dos caminhos rurais, denunciei situações em Mangualde, pelos vistos a condição para aprovação das candidaturas era o facto de a Junta ser ou não governada por um socialista.

Agora foi a vez dos Gabinetes de Inserção Profissional, situação denunciada pelos Presidentes de Câmaras do PSD, afinal de contas, todas as Câmaras socialistas foram contempladas, Resende, Cinfães, Tarouca e Mortágua e, nas restantes autarquias, a constante foi a contemplação de Juntas de Freguesia socialistas ou instituições que têm à sua frente socialistas, haja um pouco de decoro!

Indo ao extremo, se olharmos para as candidaturas socialistas às autarquias do distrito, salta logo à vista um facto, o excessivo número de pessoas titulares de cargos por nomeação que são candidatos.

Em Viseu, o candidato sempre carrasco em relação às questões locais e também sempre subserviente ao poder central, em Mangualde o assessor do grupo parlamentar do PS, em S. Pedro do Sul o responsável da ARS no distrito, em Santa Comba Dão um assessor do Governo Civil, em Tabuaço o director do Centro de Emprego, em Vouzela o responsável regional das florestas, isto para só citar os que tenho de memória.

Desde logo duas questões, as nomeações para os lugares serviram para dar visibilidade para serem candidatos ou para dar disponibilidade de tempo para prepararem as candidaturas?

Uma conclusão, é mesmo um PS em fim de ciclo, que não tem capacidade para recrutar candidaturas na sociedade civil, que se fecha cada vez mais no casulo que é o partido, divorciado da realidade e das expectativas das populações, mesmo para arranjar candidatos a Câmaras tem que os recrutar de entre os boys que nomeou nestes quatro anos e meio.

Apesar do registo são opções legítimas, o que já não é admissível é a influência de poder e a confusão entre o que é o Partido e o aparelho do Estado, haja decoro e, pelo menos, alguma vergonha.

In Noticias de Viseu, 14 de Maio de 2009

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