Almeida Henriques

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A César o que é de César

Percorrido que é um largo período eleitoral, nas suas dimensões europeia, nacional e municipal, é tempo de nos voltarmos a concentrar, numa óptica distinta, nas diversas variáveis que cidadãos, empresas e territórios terão de enfrentar.
Se politicamente, com maior ou menor necessidade de “geometrias variáveis”, os factos estão assentes, do ponto de vista empresarial e económico muitas são as dúvidas que a bondade dos discursos não resolvem.
De entre muitos aspectos, o desemprego sobressai enquanto um dos mais preocupantes e de eminente resolução, não só pelas elevadas taxas que já enfrentamos, como pelas previsões da OCDE e FMI para o ano que se aproxima.
Assumir que enfrentar, exclusivamente, por via da intervenção pública este constrangimento nacional é suficiente pode assumir-se enquanto um erro, se desligado de um efectivo crescimento económico e de um verdadeiro apoio à nossa estrutura produtiva.
É obvio que é imprescindível e socialmente premente manter os apoios sociais e localizar medidas sustentáveis, sobretudo para os grupos sobre os quais recaem menores oportunidades de empregabilidade, para os quais as acções de formação, com o apoio do fundo social europeu, podem auxiliar na localização de percursos profissionais alternativos, aquisição de novas competências ou mesmo a criação do próprio emprego (não, note-se, na manutenção de situações de desemprego ocultas ad eternum).
Contudo, parece-nos também tão óbvio e tão necessário quanto tudo isso que se concretizem as alterações e reformas necessárias que viabilizem que as nossas empresas nasçam, cresçam e se consolidem num mercado efectivamente livre, desburocratizado e inovador.
Tal não se compadece com um Estado pesado, moroso, oneroso, tributário, com funções empresariais onde se não impõe a sua presença.
Querendo-se, ideologicamente ou não, outros países na nossa vanguarda repensam as funções do Estado, num modelo mais vocacionado para o Século XXI que vivemos, mais vocacionado para criar um ambiente favorável à competitividade das empresas e à criação de postos de trabalho.
No nosso país parece ainda difícil reconhecer a César o que é de César, dando às empresas o que é seu de pleno direito.
In Jornais Região Centro, 20 de Outubro de 2009

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