Almeida Henriques

quinta-feira, 19 de março de 2009

Trabalhadores da ENU - incoerência e silêncio do PS

Em 2005, num processo que teve o meu envolvimento directo e numa luta liderada pela D. Albertina Guimas, ficou consagrado que os trabalhadores da extinta ENU, que operavam fora da mina, ficariam igualmente abrangidos pelo regime dos trabalhadores de fundo de mina para efeitos de reforma.

Foi um caminho longo, cheio de espinhos, em que os Deputados eleitos pelo PSD se tiveram que empenhar, influenciando o Governo quanto à justiça da reivindicação.

Foi reconfortante verificar que se tinha feito justiça. Tive oportunidade de participar num convívio com os beneficiários desta alteração.

Nessa altura, nunca a questão dos trabalhadores que tinham saído à data, por rescisão, por acordo ou, pura e simplesmente porque foram à procura de estabilidade noutra empresa, tinha sido colocada.

Só mais tarde me foi apresentada a pretensão, pela voz do Sr. António Minhoto, que me provou ser também de justiça contemplar estes trabalhadores que, por questão de dias ou anos não estariam abrangidos, mas que também tinham estado exposto à contaminação; em suma, não se podiam prejudicar os que tinham estado sujeitos às mesmas condições, mas que tinham saído antes da extinção, para já não falar da necessidade de sujeitar a exames médicos todos os que tinham trabalhado nesta empresa.

Assumimos o compromisso e cumprimos, lutámos três anos para que o Governo percebesse que era de elementar justiça efectuar os exames médicos e, há quatro anos que lutamos para que se consagre o mesmo principio para os que trabalhadores que saíram antes da extinção da ENU.

No calor da última campanha eleitoral o PS, pela voz do Deputado Miguel Ginestal, dizia que o País tinha uma dívida de gratidão para com estes trabalhadores que devia ser honrada.

Face a esta posição tudo levava a crer que o PS, estando no Governo, iria pagar esta dívida.

A verdade é que não foi assim que tudo se passou.

Há três anos apresentámos um Projecto de Lei que foi discutido no Plenário da AR em conjunto com propostas do PCP e do BE; votámos favoravelmente o nosso projecto e abstivemo-nos nas propostas do PCP e BE.

Há poucos dias, num novo debate sobre o assunto, apresentámos o mesmo projecto, que coerentemente definia que fossem contemplados todos os trabalhadores que tivessem trabalhado cinco anos na ENU, e viabilizámos os projectos de todos os Partidos da oposição, para que em Comissão se encontrasse um consenso a contento dos trabalhadores.

Nas duas discussões, a mesma coerência do PS, votou contra todos os projectos e em nenhum deles participou qualquer dos seus Deputados eleitos por Viseu.

Questionei directamente o Deputado atrás referido sobre o que tinha mudado para mudar de opinião, no calor da campanha e quatro anos depois; vi que correu da última fila para a primeira reagindo à minha intervenção, pensei que iria falar esclarecendo a minha dúvida.

Afinal, engano meu, entrou mudo e saiu calado, ou melhor, votou contra e disse que entregaria uma declaração de voto em seu nome e dos restantes Deputados PS eleitos por Viseu.

À falta de melhor argumento, o líder distrital do PS, que não participou no debate há três anos, estando sentado na primeira fila, disse que a minha atitude tinha sido pouco ética, pois ele não estava e o colega estava em serviço na Subcomissão de Agricultura.

Nada mais falso, o referido Deputado estava presente e não participou no debate, este agendamento já era conhecido há mais de três semanas, só não participaram porque não quiseram.

Mais uma vez não honraram uma promessa eleitoral, disseram que era uma dívida de gratidão, mas quatro anos de Governo PS e a conta corrente continua por saldar, que o digam os nossos conterrâneos.

Mais uma vez se colocaram junto do Governo PS, contra a população de Viseu.

Faço aqui o relato factual, o leitor que efectue o seu juízo de valor, designadamente quanto à questão ética argumentada.

In Noticias de Viseu, 19 de Março de 2009

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