Almeida Henriques

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Orçamento Suplementar, Governo longe do País

Numa semana em que o PS aprovou sozinho o Orçamento Suplementar, agrava-se o clima económico no País e o Governo procura escamotear aquilo que é evidente, a situação degrada-se cada dia que passa.
Mais uma vez as previsões de que partem serão muito difíceis de concretizar. Comparando três indicadores, o crescimento do PIB poderá será de -1,6%, ao contrário da previsão do Governo de -0,8%, o investimento poderá recuar 5,5% face aos -0,9% e o desemprego será seguramente, para grande infelicidade nossa, superior aos 8,5%.

Para além destas previsões, vêm ao de cima os problemas estruturais do País, este Governo não definiu nem implantou estratégias de médio e longo prazo que permitissem melhorar a estrutura produtiva, aumentar as exportações, reduzir o endividamento externo nem, em última análise, de melhorar as condições de vida dos portugueses.

Com o despoletar desta grave crise ainda vieram mais ao de cima estas fragilidades, agravando-as, o que levou ao lançamento de um conjunto de medidas contidas no diploma aprovado, que o governo chamou “Iniciativa para o Investimento e o Emprego”.

No meu entender as medidas contidas são insuficientes e não vão ao cerne do problema.

O importante é manter as empresas, estas serão sempre a mola impulsionadora quando se iniciar a recuperação, e serão o amortecedor para que o emprego se mantenha a níveis aceitáveis neste momento.

É o próprio Conselho Económico e Social que vem dizer que o “Governo tem que ter um novo plano na manga para acudir a um possível (previsível, direi eu!) agravamento da situação económica”.

Um dos problemas que o Governo não está a combater a sério é o da falta de liquidez das empresas, que as leva à ruína.

Se adoptasse medidas como o pagamento imediato das dividas, o pagamento do IVA com o recibo, as compensações de créditos por dívidas fiscais, bem como a extinção do Pagamento Especial por Conta, este problema poderia ser minorado.

O Universo de empresas a beneficiar destas medidas seria bem maior e os efeitos na liquidez seriam imediatos.

Mais uma vez, a teimosia e a persistente atitude de não aproveitar as boas ideias da oposição, levarão a que as medidas aprovadas não tenham um real impacto e que, ao fim da sua aplicação, a economia real não as sinta.

Assim não vamos lá. Provavelmente estaremos dentro de pouco tempo a discutir um orçamento rectificativo.

In Noticias de Viseu, 05 de Janeiro de 2009

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