Almeida Henriques

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Estamos em recessão !... E agora ?

É difícil deixar de abordar a grave situação económica que o País vive, num curto espaço de tempo tivemos a intervenção do Senhor Presidente da República, logo a seguir a entrevista do Senhor Primeiro Ministro e as previsões do Banco de Portugal.
Não me conforta, mas a situação é mesmo má, pior do que se previa, com a possibilidade de termos mais 90.000 pessoas desempregadas em Portugal, ultrapassando o número impensável de meio milhão, o crescimento poder ser negativo em 0,8, ou menor ainda, e um decréscimo das exportações de 3,6%, Portugal passa a uma situação de recessão, depois da estagnação económica.

O Engº. Sócrates, na entrevista da semana passada refere que quando entregou o Orçamento para 2009 no dia 15 de Setembro, “ninguém tinha consciência da dimensão da crise”.

Duas mentiras, primeiro já eram notórias as condições da conjuntura internacional e são inúmeros os factos que se podem apontar no sentido contrário às afirmações, por outro lado, o Orçamento só foi entregue a 15 de Outubro tendo o PSD denunciou o irrealismo dos pressupostos e das metas a atingir.

Basta olhar para o indicador do crescimento económico, a previsão do Governo era de um crescimento de 0,6%, sendo agora a previsão do Banco de Portugal de um crescimento negativo de 0,8%, um erro de 1,4%, qualquer coisa na ordem dos 2.400 mil milhões.

A prioridade tem que ser a preservação do emprego e, a única forma de conseguir este objectivo é apoiar as empresas, ajudá-las a manter os empregos e a actividade para que não haja uma degradação maior.

O Governo teima em não aceitar uma agenda para combater a crise com as inúmeras propostas que temos feito de que destaco pagar de imediato as dívidas às empresas, instituir o regime do pagamento do IVA com o recibo, abolir o PEC, baixar a Taxa Social Única e reduzir os impostos.

Se olharmos para os EUA, Obama vem propor redução de impostos para aumentar o consumo interno, mais dinheiro para as famílias e redução de impostos para as empresas, para estas assegurarem o emprego e continuarem a investir, um bom exemplo a seguir em Portugal.

O Governo persiste nas grandes obras, seria muito mais benéfico, designadamente para as economias regionais, de proximidade, um conjunto de obras mais pequenas espalhadas pelo País, com avaliação do seu impacto no desenvolvimento económico; permitiria a um conjunto alargado de pequenas e médias empresas concorrerem e alimentava a economia de proximidade; a opção pelas grandes obras só privilegiará as grandes empresas.

Por outro lado, a verdade é que não há dinheiro nos mercados, a própria CGD procurou ir buscá-lo e ficou aquém do que pretendia; se o Governo persistir nos mega projectos, é preciso mobilizar recursos financeiros para eles, pelo que o dinheiro irá faltar para a economia real, para as empresas, para a tal malha que pode aguentar o emprego e alimentar a economia de todo o País e não só dos grandes grupos.

Só não vê quem não quer !
In Diário deViseu, 09 de Janeiro de 2009

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