Almeida Henriques

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Regresso de Férias, incêndios e ilusão

Retomo esta crónica regular no Noticias de Viseu fazendo votos de que todos tenham tido umas boas férias e que regressem com as forças retemperadas para as dificuldades que se adivinham.
Dois temas marcaram este verão, os incêndios e o pretenso novo fôlego de José Sócrates depois do discurso de Mangualde e das sucessivas aparições públicas querendo convencer os Portugueses de que tudo está bem e o País está no bom caminho
Quanto aos incêndios, já o escrevi, parece sempre que o diagnóstico está feito, que o importante é a limpeza das florestas, o reforço de meios aéreos, terrestres e humanos, o incremento da vigilância, prepara-se sempre a época com a convicção que vai correr melhor mas, a verdade, é que se o calor aperta os incêndios propagam-se às dezenas; pelas informações recentes, já há este ano mais área ardida do que nos dois últimos anos.
Há questões de fundo que estão por resolver, desde o sistema da propriedade em Portugal, alguns dos donos nem sabem onde ficam os seus pinhais, nunca se estimulou o tirar partido desta riqueza, entregando a limpeza e exploração a quem sabe, profissionalizar o serviço de combate aos incêndios e apostar na limpeza.
Duma vez por todas é preciso colocar os mais capazes a tratarem deste problema, pegar nos diferentes documentos já produzidos e dar-lhes expressão prática, envolvendo Governo, Autarquias, Proprietários, Bombeiros e outros agentes com interesse na matéria, é este o caminho.
É confrangedor ver o Senhor Ministro da Administração Interna esgrimir números procurando fazer crer que as coisas estão melhores que no passado, pura ilusão.
Não se deve fazer política com a desgraça alheia, exige-se coerência ao Governo e ao PS, nos últimos quinze anos o PS governou doze anos e meio, logo cabe-lhe a maior responsabilidade.
Era mais honesto assumir as responsabilidades, sem fantasmas e atacar o problema de fundo, não ter somente a preocupação de trabalhar para o telejornal do dia.
Admiro a eficácia venha ela de onde vier, o empenho dos profissionais e dos diferentes responsáveis, elogio a rápida acção que se traduziu na indicação de se efectuar o levantamento dos prejuízos ordenada pelo Senhor Ministro da Agricultura, espero que veja bem no terreno os prejuízos dos habitantes do Distrito de Viseu.
Espero é que se verifique igual eficácia na disponibilização dos meios financeiros, é comum dar a resposta mediática e, quando o assunto sai dos holofotes, ninguém mais se lembra da desgraça alheia, estarei atento e questionarei o Governo antes do fim do ano para saber se as ajudas já foram pagas, com descrição e sem o aparato de propaganda habitual.
Estamos já habituados, para os socialistas a forma vale mais do que o conteúdo, tem sido visível na forma como procuram denegrir a imagem do líder do PSD e deturpar o teor das nossas propostas acenando com papões como o fim do Serviço Nacional de Saúde ou acabarmos com a progressividade do sistema fiscal.
O líder do PS, no seu discurso de Mangualde, alicerçou todo o seu discurso numa mentira, acusou Pedro Passos Coelho de querer eliminar o 104º da Constituição que prevê a progressividade do IRS, acusando-o de subverter o princípio de que os que ganham mais devem pagar mais e os que ganham menos devem pagar menos; afinal de contas esse mesmo artigo é mantido intacto no art. 103º. Do projecto, não só não apresentou soluções como alicerçou o discurso faltando à verdade.
Não sei se por ignorância ou por má fé, procurou lançar a dúvida, acusando de algo que não existe, dando ênfase a uma acusação que é uma pura mentira, obviamente que o PSD defende como sempre defendeu que haja progressividade e quem ganha mais tem que pagar mais.
Actuações como estas não deixam dúvidas, quem joga com as palavras e as usa desta forma não pode governar o País duma forma séria, é um vale tudo para esconder as debilidades e a incapacidade para a acção.
Quando se esperavam respostas concretas sobre a forma como vai construir o Orçamento do Estado para 2011 e como pensa honrar o compromisso de reduzir a despesa em 1.000 milhões de euros em 2010 e 2011, opta por voltar ao discurso do sucesso, desdobra-se em visitas a empresas e projectos que estão a correr bem e dizer aos portugueses que já estamos a sair da crise, que os indicadores são melhores do que se esperava.
Dum Primeiro-ministro não se espera um discurso negativista, mas uma intervenção com os pés assentes na terra, puxando pelas Pessoas mas com realismo.
Como se pode acreditar em alguém que à segunda terça pede sacrifícios e recorre a medidas extraordinárias para conter o défice e à quinta e sexta-feira faz um discurso sobre o país ideal e não do real, lançando a confusão na cabeça das Pessoas.
Pensam os Portugueses, afinal, se o País está bem, porque é que o meu filho está no desemprego há mais de um ano, porque é que a minha empresa foi à falência, porque não consigo aceder ao crédito, porque sinto o orçamento familiar cada vez mais mirrado!
Não se pode ser pessimista mas também não se podem vender ilusões às Pessoas, mais uma vez o Primeiro-ministro escolhe a forma em detrimento do conteúdo, o PS no seu melhor, completamente divorciados dos interesses e do sentir dos portugueses.
In Noticias de Viseu

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