Almeida Henriques

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O estado da Nação

Uma primeira nota sobre as lamentáveis declarações do Senhor Comandante da PSP acerca do Dr. Fernando Ruas, ainda bem que se retratou e que apresentou desculpas públicas, fica mal a qualquer cidadão, muito mais a alguém que deve zelar pelo ordem pública e ser um exemplo para todos.
Quanto à semana, ficou marcada pelas Jornadas Parlamentares do PSD e pelo debate do Estado da Nação, sessão que finaliza a Sessão Legislativa, embora os trabalhos se prolonguem até dia 22 de Julho.
De facto, o retrato do País não é famoso, começando pela situação de desemprego sem precedentes que se vive, são já 600.000 as portuguesas e os portugueses afectados por este flagelo.
Parafraseando o nosso Primeiro-ministro enquanto candidato há cinco anos e meio, “10,9% é bem a marca de uma governação falhada”, só que a cifra era mais de 3% mais baixa.
A maior intensidade deste flagelo nacional incide no Norte e no Algarve, os jovens são os mais afectados, cerca de 25%, bem como os licenciados que são uma das maiores fatias.
Se escalpelizarmos este número verificamos que é bem maior, a nossa emigração reapareceu, são 100.000 pessoas por ano que estão a procurar uma oportunidade fora do nosso País, porque este não lhes dá oportunidades.
Ainda há que somar a este número as dezenas de milhar de pessoas que estão a frequentar acções de formação.
Se parasse por aqui já seria suficiente, o crescimento do desemprego é em alguma medida resultado da crise que se vive mas, muito dele, é a marca de um Governo que falhou no desígnio de promover as reformas, modernizar o País e puxar pela economia.
Logo a seguir aos desempregados vêm as micro, pequenas e médias empresas que não tiveram uma politica económica virada para elas, não aprofundarei este tema pois já o abordei inúmeras vezes.
As insolvências dispararam, só no primeiro semestre contam-se por 1580,os centros urbanos definham, o desânimo grassa pelo País.
Apesar das linhas PME Investe, o facto é que pouco mais de 10% das empresas conseguem aceder a estas linhas de crédito, ficam de fora os mais pequenos, comerciantes, industriais, agricultores e profissionais liberais.
Mesmo no QREN, com algumas medidas que temos vindo a reclamar para ajudar a acelerar a execução dos projectos das empresas, estamos a falar de 4000 aprovados, pouco mais de 1% das nossas empresas beneficiam.
Para já não falar do Estado que ajuda a definhar a economia, diminuindo a liquidez das empresas quando não lhes paga a tempo e horas.
Esta é a realidade das dificuldades que os portugueses sentem, bem diferente do País das fantasias que retratou o Primeiro-ministro, com indicadores de decréscimo do desemprego, com diminuição da pobreza, com a consolidação orçamental a produzir resultados, a efectuar a consolidação das contas públicas.
Chega mesmo a dizer que a economia portuguesa foi das menos penalizadas com a crise, quem é que sente isso?
Enfim, mais um debate que denota bem o desfasamento entre o discurso do Governo e a realidade que todos sentimos no dia-a-dia.
Seria muito mais responsável assumir os erros e apontar novos rumos, dizer que iria corrigir caminhos, era importante que falasse verdade, até para mobilizar as Pessoas para as dificuldades e para a necessidade de arregaçarmos as mangas para darmos a volta à difícil situação.
O discurso do PM será incompreensível para a maioria dos portugueses, num dia o País está a recuperar, o desemprego a diminuir, a consolidação orçamental a ser feita, daqui a uns dias aparecerá a dizer o contrário com o mesmo optimismo obstinado.
Em suma, um PM que constrói as suas fantasias e se alimenta delas.
Portugal precisa mesmo de uma alternativa forte com projecto.
In Diário de Viseu

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