Almeida Henriques

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Desilusão e Decepção

A semana começou mal, a suspeita de que o Governo se preparava para criar um novo curso de Medicina, desta vez em Aveiro, concretizou-se, fazendo tábua rasa da pretensão de Viseu, não respondendo aos nossos anseios, perdendo mais uma excelente oportunidade de nos compensar.

Como já referi, nada nos move contra Aveiro, cidade irmã de Viseu que lutou e venceu, mérito dos seus protagonistas e responsáveis.

Esta decisão motivou da nossa parte uma áspera carta enviada ao Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, afinal de contas o denominador comum a uma série de penalizações para Viseu; o saber, tinha responsabilidades governativas quando o Eng.º. Guterres levou a Faculdade de Medicina para a Covilhã, é este Ministro que enterra a Universidade Pública criada pelo Dr. Durão Barroso a 17 de Maio de 2004, pretere Viseu quando cria a Faculdade de Medicina no Algarve e agora em Aveiro.

Como se não bastasse, numa audiência concedida ao Dr. Fernando Ruas, afirma que não haverá qualquer Universidade em Viseu e que não aprovará o curso de medicina do Instituto Piaget.

Sistematicamente, nunca é oportuno aprovar cursos para Viseu, que o diga a Escola Superior de Saúde que, ao nível de licenciaturas só tem enfermagem e tem sido preterida face a outras candidaturas de outros Politécnicos do País.

O Instituto Piaget tem edifício pronto, corpo docente e equipamentos há alguns anos, recebe anualmente dezenas de estagiários da Faculdade de Medicina de Luanda, que vêm fazer o tirocínio para o nosso Hospital Central e não tem qualquer resposta por parte do Ministério liderado por Mariano Gago quanto à criação da Faculdade de Medicina.

.

É caso para perguntar, o que tem este Ministro contra Viseu? A nossa hospitalidade beirã tem limites, temos que o deixar de receber com cortesia.

Por mais que o Partido Socialista queira “sacudir a água do capote”, tem votado sistematicamente as moções da Assembleia Municipal quanto à Universidade Pública, assumiu no seu programa eleitoral este objectivo, tem agora uma óptima oportunidade de honrar o compromisso e levantar a voz contra este Ministro que nos nega um direito que conquistámos ao longo de mais de uma década e meia.

Quem leva um “pesado fardo” às costas é o PS e os seus dirigentes locais, o PSD inviabilizou a criação do “pólo” de Aveiro, mas aprovou a criação da Universidade Pública em Maio de 2004, apresentámos uma alternativa que o PS, logo que tomou posse, se encarregou de enterrar. Recorde-se que a legislatura foi “abruptamente” interrompida, não dando tempo à consolidação do projecto.

A diferença é que, com o PS e José Sócrates passaram cinco anos e não apresentaram nenhuma alternativa nem criaram novas dinâmicas, dizem que Viseu não tinha nenhuma candidatura a curso de Medicina, o que é falso, há a do Piaget e o Distrito sempre manifestou o seu desejo de ter este curso, até para potenciar as excelentes condições do nosso Hospital Central.

A verdade é que o problema está aí, mais candente do que nunca, Viseu tem que ter uma manifestação de unidade em torno desta questão, o Dr. Fernando Ruas e os restantes vinte e três autarcas, os nove Deputados, todas as forças vivas da região, os partidos políticos, os cidadãos em geral, têm aqui uma excelente oportunidade de unirem esforços para reivindicarem e encontrarem uma solução.

Uma certeza tenho, Viseu precisa de um novo modelo de organização e estruturação do seu ensino superior, precisa de ganhar novas âncoras em domínios como a saúde, o ambiente, eficiência energética e produção de energia, entre outros, precisa de se unir em torno de um projecto que o Governo tem que viabilizar.

Devemos unir esforços, “tocar os sinos a rebate”, a Universidade Pública é o projecto estruturante que Viseu precisa para continuar a crescer, a par da auto-estrada Viseu Coimbra e do comboio.

Cada um que assuma as suas responsabilidades e “exorcize os seus fantasmas”, os viseenses esperam de nós uma atitude firme e de unidade, é o apelo e disponibilidade que deixo.

In Diário de Viseu, 17 de Dezembro de 2009

Sem comentários:

Enviar um comentário