Almeida Henriques

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Não deixa saudades!

O insólito episódio dos “corninhos” feitos pelo Ministro da Economia Manuel Pinto no debate do Estado da Nação, merecem um breve comentário que é de espanto e, ao mesmo tempo de censura, é inadmissível numa conversa entre dois cidadãos e ainda mais num debate no Parlamento.
A mim não me surpreende, este Ministro convivia muito mal com a crítica, frequentemente fazia chacota com as propostas da oposição, raramente concordava com alguma ideia e era frequentemente deselegante, mesmo grosseiro, com os seus opositores.

Ao longo de mais de quatro anos de debates na Comissão de Economia e no Plenário, vi-me confrontado com atitudes pouco correctas que levaram mesmo alguns colegas a perderem as estribeiras, para além de que nunca respondia às perguntas que lhe eram colocadas.

No último debate, cheguei mesmo a dizer-lhe que tinha aconselhado o Deputado Paulo Rangel a comer papa maizena mas, em bom rigor, o que ele efectivamente precisava era de ter bebido chá em pequenino.

Ao longo de quatro anos foi perdendo todos os combates, embora seja justo reconhecer que era um Ministro voluntarioso, mas sem o mínimo sentido estratégico.

O Bombeiro que corria para todos os grandes incêndios, com rapidez, mas com um simples balde de água.

Desde logo, depois de empossado, assumiu-se como Ministro da Economia e Inovação mas, a realidade é que a Agência de Inovação passou a ser controlada pelo seu colega da Ciência e Ensino Superior e o orçamento igualmente gerido neste Ministério.

Assim, a inovação que deveria ter sido um aspecto central da política do Governo e virada para as empresas, não o foi.

Quando foi aprovado o QREN, se não tivesse ocorrido a remodelação que levou à saída de António Costa, o Ministro da Economia não ficaria sequer no núcleo duro que coordena este fundamental instrumento.

Quando se decidiu a criação do Senhor Lisboa, para o incremento da estratégia de Lisboa, esta competência ficou na alçada da presidência do Conselho de Ministros, quando deveria ter ficado na Economia.

Viveu este Ministro deslumbrado pelas grandes empresas, quer na fase em que todas as semanas anunciavam novos investimentos, quer neste período de grave crise económica.

Em relação às micro, pequenas e médias empresas, demorou mais de três anos a descobri-las e, a partir daí, passou a utilizar a expressão micro e PME, mas sem consequências para o tecido empresarial, só discurso como várias vezes denunciei.

Não deixa, pois, saudades este Ministro embora o seu gesto me tenha obrigado a explicar à minha filha mais nova que nem no jardim-escola aquele gesto é aceitável, quanto mais no Parlamento.

Rei morto, Rei posto, eis que o Ministro das Finanças ocupa a pasta da economia com um sinal positivo e outro negativo.

De positivo, ter começado a sua nova função ouvindo algumas Associações Empresariais, embora ignorando muitas das mais representativas.

De negativo, ter afirmado que vai manter a politica que vinha a ser seguida pelo seu antecessor, estamos esclarecidos, não podemos esperar nada de novo.

Aliás, assuntos fundamentais como o pagamento a tempo e horas às empresas, a extinção do Pagamento Especial por Conta, as Compensações Fiscais e o Pagamento do IVA com o recibo, eram matérias que contribuiriam, e muito, para a melhoria da liquidez das empresas e, há muito estavam ao alcance do ministro das Finanças, tendo este ignorado também as nossas propostas.

Um não deixa saudades, o outro não cria qualquer expectiva para o futuro.

Só mesmo um novo Governo, com nova politica, poderá permitir dar uma nova dinâmica à depauperada economia portuguesa, estou certo que o Governo do PSD será um Governo das micro e das PME, será uma das suas marcas distintivas

In Diário de Viseu, 09 de Julho de 2009

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