Almeida Henriques

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Impõe-se falar Verdade

A semana que finda fica marcada pela visita a Viseu de José Sócrates que veio apresentar a sua moção ao próximo Congresso do PS, um exercício normal em Democracia.
Em Viseu, tirou da cartola a defesa do aumento de impostos, direccionado para as classes ricas, sem precisar quem são estas pessoas, comportando-se como um autêntico Robin dos Bosques, que tira aos ricos para dar aos pobres.

Obviamente que se aproximam eleições, a oposição interna ameaça, é preciso piscar o olho à ala de Manuel Alegre.

Escalpelizado o anúncio verificamos que é mais uma manobra demagógica, sem impacto nos mais pobres e, possivelmente, com grande impacto na classe média, aquela que também passa por momentos dramáticos.

Quadros que perderam os empregos, agregados familiares em que os dois sustentáculos se encontram sem ocupação ou se vêm forçados a ocupar funções com remunerações mais modestas, famílias que se vêm numa situação de pobreza envergonhada.

É para estes que esta medida se dirige? Ou vai criar um novo escalão mesmo para os mais ricos?

Em vez de olhar para o estado da economia, de procurar proteger o emprego, de criar medidas que beneficiem todas as micro e pequenas empresas, desvia o discurso para agitar uma “bandeira” de esquerda, colocar os ricos contra os pobres.

Mas quais ricos?

Os empresários que para salvarem as suas empresas e pagar ao fisco hipotecam os seus bens pessoais?

Os empresários que vêm as suas empresas resvalarem para a falência e que nem direito a protecção social têm?

E que dizer da pressão fiscal?

O Senhor Primeiro Ministro ainda não entendeu que nem as pessoas nem as empresas aguentam pagar mais impostos, está a matar a “galinha dos ovos de ouro”, que já nem ovos põe.

Enquanto isso, os responsáveis do PS de Viseu, ao invés de procurarem chamar a atenção do Primeiro Ministro para a realidade económica que se vive no distrito e para o agravamento das condições sociais, ufanam-se em tecer louros ao trabalho que não fizeram.

Assumem como obra feita, infra-estruturas que estiveram paradas ao longo de quatro anos, esquecem propositadamente bandeiras que seriam fundamentais para o futuro de Viseu.

É preciso falar verdade aos viseenses, até para não permitir a velha técnica socialista, é que “uma mentira várias vezes repetida corre o risco de se tornar verdade”.

O PS está no Governo há quase quatro anos, colocou definitivamente na gaveta a questão da Universidade Pública, que estava resolvida com um modelo inovador, enterrou a Grande Área Metropolitana de Viseu, um grande esforço de envolvimento com a participação de 21 municípios.

Em termos de acessibilidades, tudo o que é fundamental conheceu o adiamento, salvo a A24 e a A25 que estavam em curso.

A ligação a Coimbra em auto estrada, está há quatro anos parada, o projecto já estava em elaboração, num troço de 70 kms., o melhor que o PS conseguiu fazer foi demorar todo este tempo a lançar o concurso, chega ao fim do mandato com a adjudicação anunciada para o 1º. Trimestre de 2009.

O IC 12, na ligação entre Mangualde e Canas de Senhorim, há quatro anos que tem o seu corredor definido. Também aqui o melhor que o Governo fez foi ter este importante investimento parado todo o mandato.

A apregoada ligação de Tondela a Carregal do Sal (EN 230), estava já em concurso há quatro anos, só agora avança.

Para já não falar da requalificação da EN 229, ligação Viseu Sátão, sistematicamente adiada, com a sua execução aligeirada com uma promessa, também para o futuro.

Também quando se fala das Unidades de Saúde Familiares, pergunta-se, trocámos um Centro de Saúde por estas unidades, onde estão? Também quatro anos atrasadas.

E a Escola de Ranhados, para quando?

E o Arquivo Distrital de Viseu, no mesmo estado que há quatro anos, com o projecto feito, sem mais nenhum avanço.

E que dizer dos serviços regionais em Viseu, localizados em todas as cidades do Centro à excepção da nossa.

Procurou-se fazer passar a mensagem, também enganosa, da Direcção Regional das Florestas, serviço já instalado, com outro nome, também há 4 anos.

Faz-se um grande “alarido” com uma mínima direcção regional da Inspecção das Condições de Trabalho.

Afinal de contas, com que é que se pode congratular o PS de Viseu?

Mais uma vez o PS perde a oportunidade de fazer ouvir a sua voz em defesa de Viseu.

Quanto a obra feita, de estruturante, só empurraram para o futuro, quatro anos perdidos.

Muita parra, pouca uva.

In Diário de Viseu, 13 de Fevereiro de 2009

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