Almeida Henriques

quinta-feira, 31 de março de 2011

Sacudir a água do capote

Citando José Sócrates, “as vezes penso, como foi possível fazerem isto ao País?”, como é que em seis anos de governação socialista foi possível levar o nosso Portugal à situação de desespero em que está.
Nos últimos 10 meses, o “rating” da República baixou quatro vezes na Standard & Poor’s, três na Fitch e duas na Moody’s; independentemente da justeza ou não, significa que os mercados percepcionam que Portugal terá que pedir ajuda, que esta irá para lá de 2013 e que os nossos credores sabem que poderão perder dinheiro.
A descida do “rating” dos principais Bancos é relevante, mas o facto é que a nossa Banca há 13 meses que não consegue ir aos mercados.
A grande questão é, como chegámos até aqui?
É preciso ter memória, ainda há três meses o Ministro das Finanças colocava o tecto de 7% da dívida soberana como a fasquia que implicaria ajuda externa por parte de Portugal, foi Teixeira dos Santos que o disse, esta semana ultrapassamos a fasquia dos 9%, situação que se revela insustentável para as nossas finanças.
À medida que se vai conhecendo a real situação do País, mais convencido estou que o Primeiro-ministro engendrou toda esta estratégia para sacudir a água do capote, para se vitimizar e chutar a responsabilidade para cima de outros.
Foi sempre assim, a culpa nunca foi sua, foi a crise internacional, depois os mercados, depois a falta de resposta da União Europeia, as notações das Agências de “rating”, agora a “maldosa” oposição, que não tem sentido de missão e muito menos do interesse nacional.
Diz o Primeiro-ministro que este foi “um acto desleal para com a Europa que nos apoiou”, quando andou a negociar um PEC IV desastroso para as famílias e para a economia nas costas de todos, Portugueses, Parlamento, Presidente da República e parceiros sociais, urdiu a teia para que a situação fosse a que se verificou, o chumbo deste documento.
O que determinou este comportamento de ignorar tudo e todos?
Mesmo que se admita que o PM não queria a crise, fez tudo demasiado bem para atingir este resultado, qual Maquiavel da politica portuguesa.
Se não queria este resultado, devia ter feito tudo de forma diferente e ninguém me convence que não houve premeditação.
As reacções concertadas do Eng.º. Sócrates e de toda a entourage do PS, procurando “branquear” seis anos de péssima governação e “chutando” para a oposição todas as responsabilidades do que está a acontecer ao País, são a prova que faltava.
Quem tem de prestar contas perante os Portugueses é o Eng.º. Sócrates e o PS, quem colocou o País em situação de poder precisar de pedir apoio externo foram as opções erradas que levaram a que o País esteja mais pobre, mais endividado, com mais desemprego, mais vulnerável do ponto de vista financeiro, já em recessão, em crise social, ao contrário do que o Governo vinha a afirmar.
Foi este Primeiro-ministro que encheu a boca com o Plano tecnológico, com as grandes obras públicas como motor da economia, o que sobra é um País em recessão, uma produção estagnada, um desemprego galopante.
O que ficará para a história destes seis anos de Governação socialista, que no fundo são dezasseis, é muito negro:
1) A pior média do crescimento económico dos últimos 90 anos;
2) A maior dívida pública dos últimos 160 anos;
3) A dívida externa é, no mínimo, a maior dos últimos 120 anos (desde que o País declarou uma bancarrota parcial em 1892);
4) O desemprego é, no mínimo, o maior dos últimos 80 anos, atingimos a cifra de mais de 610.000 desempregados, dos quais 300.000 são de longa duração;
5) Voltámos à divergência económica com a Europa, após décadas de convergência;
6) Vivemos actualmente a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos.
Hoje, a 31 de Março de 2011, mesmo o valor do défice estimado para 2010 foi colocado em causa, os dados do INE vêm dizer que este não foi de 7,3%, mas sim de 8,6%, um erro grosseiro de mais 2.250 milhões de euros; realce-se que o Governo dizia mesmo que o valor podia ser menor, ir para 6,8%, o que dá um erro de 3.120 milhões de euros.
Estas correcções derivam da contabilização de ajudas às empresas de transportes públicos, REFER e Metro do Porto e Lisboa, mais 631 milhões em 2007, 862 em 2008, 883 em 2009 e 793 em 2010, para além do BPN com 1800 milhões e uma garantia de 450 milhões do BPP.
A reacção dos mercados não se fez esperar, mais uma subida das taxas de juro da dívida pública, será que também este resvalar das contas é culpa da oposição?
É por tudo isto que o PS e o Primeiro-ministro têm que ser julgados, a responsabilidade é só sua, procurar sacudir a água do capote para iludir os Portugueses, é algo que temos de denunciar à exaustão.

1 comentário:

  1. É o apego doentio ao poder.
    A democracia coloca no poder artistas de cinema, modelos de revista, bons falantes. É um dos seus defeitos. Se fosse exigido uma candidatura prévia, com análise da sua probidade e das suas competências, não teríamos chegado a este lamaçal.

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