Almeida Henriques

sexta-feira, 11 de julho de 2008

O ESTADO DA NAÇÃO- UM ANO DE GOVERNO SOCIALISTA PARA ESQUECER

O ESTADO DA NAÇÃO- UM ANO DE GOVERNO SOCIALISTA PARA ESQUECER


Na semana em que se realizou o Debate do Estado da Nação, não poderia fugir ao tema e partilhar com os leitores as minhas preocupações e as minhas leituras do Estado da Nação.

O governo, mais uma vez, prova que foi apanhado de surpresa com a conjuntura internacional, que ao programar o ciclo, nestes três anos, apertou o tecido económico, adiou a entrada em vigor do QREN, bem como o lançamento dos grandes investimentos, com o objectivo de criar um grande impacto no último ano antes das eleições. É bem notório, isso mesmo provou a desgarrada descida do IVA em 1% e o pré anúncio de nova redução no Orçamento de 2009.

Não fez o trabalho de casa, iniciou as reformas mas deixou-as a meio, pressionou a cobrança fiscal, mas não arrumou o estado diminuindo a despesa e o seu peso, não assumiu que era imperativo repensar as funções do Estado e de o emagrecer, em suma, não ganhou fôlego.

Em domínios críticos como a Educação, a Saúde e a Justiça, pilares de todo o desenvolvimento, bem como na ausência de uma estratégia para as micro e pme’s, ou para a dinamização dos pólos urbanos, prova-se que o Governo falhou.

Mesmo em áreas que se podiam apontam como de esforço, é a própria sociedade, através de entidades isentas como a SEDES, que denunciam “… após três anos de esforços de estabilização orçamental e de várias reformas que exigiam coragem politica, dá agora sinais de preocupação com o calendário eleitoral em detrimento da administração do País”.

Assim, quando se debate o Estado da Nação, encontramos o Governo do PS a balancear, entre a ausência de imaginação para dar a volta à difícil situação, as dificuldades que resultam da conjuntura internacional e a ânsia de transmitir uam falsa imagem de confiança e algumas medidas eleitorais que permitam confundir os Portugueses.

Mas, o que é que nós sentimos na vida real, não nos discursos de José Sócrates, o mercado do trabalho degrada-se e perspectiva-se o aumento do desemprego, os juros continuam a subir com implicações crescentes na vida das famílias, também a braços com o seu endividamento elevado e a somar ao aumento crescente dos combustíveis e da conta do supermercado.

No domínio das empresa e da economia, o aumento dos juros e dos combustíveis corroem a competitividade, degrada-se o clima de confiança, como refere o indicador de sentimento económico da EU, para já não falar do pessimismo que se sente em todos os sectores, da indústria ao comércio, passando pela construção civil e serviços.

Os nossos mercados de destino, também desaceleram, na União Europeia e nos EUA, para já não falar da crise espanhola com grande impacto na nossa dependente economia.

E, no caso de Espanha, com preocupação acrescida face ao aumento crescente de emigrantes portugueses, permanentes ou pendulares, que poderão engrossar as fileiras do desemprego, criar mais dificuldades sociais.

Diz o PS, este cenário muito difícil, resulta da conjuntura internacional !

Em parte é verdade, mas não é só resultado desta situação, é também motivado pela incapacidade de um governo arrogante de ouvir, há mais de um ano, aqueles que apelidavam de “arautos da desgraça” e sempre “maldicentes”;

Se repararem bem, há dois meses, o Governo teimava em afirmar que estava tudo bem, há pouco mais de meio ano o Ministro da Economia decretava o fim da crise e dizia que o Investimento Directo Estrangeiro em curso, permitiria colmatar a previsível desaceleração das exportações

Se esperávamos um sinal de esperança neste debate, um apontar de caminhos para ultrapassarmos esta difícil fase, cedo nos decepcionámos, somente um punhado de medidas, umas mais meritórias, outras menos.

Em muitos casos, como o IMI, à custa do depauperado orçamento das autarquias, quem vai pagar a redução de 50 milhões de euros das autarquias(?), como tão bem denunciou o nosso Presidente da ANMP, Dr. Fernando Ruas, aguardemos pela reunião desta importante associação dentro de uma semana.

Em todo o discurso de José Sócrates, nem uma palavra para os novos pobres, oriundos da classe média e média baixa, nem uma linha sobre a regularização dos pagamentos do Estado às empresas, medida que introduzia liquidez no mercado.

Enfim, com grande pesar para todos os portugueses, o PS, José Sócrates e o Governo, nesta época de exames, levam um valente chumbo!

In Diário de Viseu, 11 de Julho de 2008

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